quinta-feira, 14 de abril de 2022

 

          ESPELHO MEU
                    NILSON SANTOS*
 
Espelho, espelho meu
Porque mentes pra mim?
Se tornou inimigo meu?

     Te olho
     Vejo tudo diferente
     Meio que embaçado;
     O rosto que visualizo
     Já não é o mesmo que dantes

Estás a me ludibriar?
Mágica?
Essa imagem que refletes,
É fruto de alguma pirotecnia?
Aquelas linhas
Que mais parecem sulcos
Na beirada de meus olhos
Me explica por favor
Espelho meu
Tentas me passar alguma mensagem?
Mostrar, o que não consigo vê?
 
      Porque tudo se faz embaçado?
     Firmo bem meus olhos
     Que chegam a lacrimejar
     E já não vejo o rosto de outrora
     
O que aconteceu?
Que manchas são essas,
Que pigmentam aqui e ali?
E essas marcas profundas
Vincadas,
Em linhas emaranhadas?

     Espelho, espelho meu
     Porque mentes pra mim?

Esses cabelos caneados,
Quando foram plantados aí?
Seria ilusão de ótica?

     Ah, entendi,
     Amigo espelho meu,
     São apenas maquiagens do tempo,
     Né?

Para que possa encenar outro papel
Nesse palco mal iluminado
Da vida que segue

     Mas, que papel?
     Serei o ator principal?
     Ou mero coadjuvante,
     De importância secundária?

Talvez palhaço
Da vida desiludida

     Não, não mente pra mim,
     Espelho, espelho meu.
 
*Jornalista, Radialista, Poeta nas horas vagas
          12/04/2022

                                              *Apenas ilustração


terça-feira, 22 de março de 2022

 PA-150

Trecho precário preocupa motoristas

São exatos quatro quilômetros de muitas buraqueiras que colocam em risco as vidas de quem circula por ali

NILSON SANTOS

     A visível falta de serviço de conservação periódica aliada ao período chuvoso que tem castigado a região sudeste do Pará, vêm contribuindo para castigar um trecho da PA-150, entre os bairros de São Félix e Morada Nova, em Marabá. O trecho em questão é relativamente pequeno, exatos 4 quilômetros, segundo o que a reportagem teve o cuidado de conferir, de ponta a ponta e in loco.

     Mas, as verdadeiras “crateras” que se formaram em alguns pontos da pista, são suficientes para provocarem enormes danos materiais, sem falar nas possíveis perdas de vidas em casos de acidentes.

     Os buracos são tantos que, motoristas, sejam de carros pequenos, de ônibus ou de grandes carretas, têm que realizar verdadeiros malabarismos para tentar desviar desses entraves. Missão quase impossível. “É desviar de um (buraco) e cair em outro maior”, reclama o caminhoneiro José Maria Pinheiro, 35 anos de estradas por esse País afora e, que já sofreu muitos prejuízos, não só neste, mas também em vários outros trechos não menos danificados, seja lá por onde ele anda transportando mercadorias variadas. Pinheiro foi ouvido em um posto de gasolina.

     Para quem trafega pela PA-150, especificamente nesse trecho citado na matéria, é muito comum observar carros parados na beira da estrada, com algum tipo de problema, seja mecânico, ou não. Situações como pneus cortados em algumas das “crateras”, eixo quebrado, ou algum para-choque que não resistiu aos impactos, entre outros. Às vezes até mesmo alguma colisão. Já foram registrados vários acidentes nesse perímetro.

     O caso é recorrente. Acidentes no local já produziram vítimas fatais, provocando revolta entre moradores do Residencial Tiradentes, no bairro Morada Nova, e até mesmo em São Félix. Inclusive com alguns atos de  interdição da rodovia, quando o tráfego de veículos ficou interrompido por algumas horas. Manifestações que surtiram efeito apenas paliativo.

     Recentemente foi realizada uma operação tapa buraco, um pouco depois do acesso ao Residencial Tiradentes, rumo a São Félix. Duas máquinas pesadas estiveram no local executando o serviço, o tráfego de veículos teve que ser interrompido parcialmente e de forma revezada, o que provocou um grande engarrafamento, muitas reclamações e inúmeros transtornos por várias longas horas. 

     E foi só isso. Menos de um mês depois dessa “mega” operação, a buraqueira já está ressurgindo.

     Às proximidades daquela popular venda de caldo de cana, também teve esquema parecido, com resultados não menos decepcionante. O que demonstra serviço de péssima qualidade, sem trazer nenhuma tranquilidade para motoristas e condutores de motos, que diariamente trafegam por esse castigado trecho dessa rodovia estadual.

     Nesses mesmos quatro quilômetros, daqui acolá é possível observar uns pedaços de “remendos”, sem muito efeito prático. Já que, bem ao lado, já surgiram outros buracos.

     Para tentar evitar passar diretamente pelas buraqueiras, motoristas têm duas opções: ou vão para a contra mão ou tentam o acostamento; mas, nenhuma delas recomendáveis. Até porque acostamento propriamente não existe, além do que a beirada da pista está tomada pelo matagal. E, para piorar, sem nenhum tipo de sinalização. Encarar os buracos é inevitável.

     “Mete o pau” – No palco da problemática não foi possível ouvir nenhum condutor de veículos. Não há condições de ninguém parar para dar entrevistas.

     Mas, ao perceberem a presença da reportagem colhendo imagens para ilustrar a matéria, a reação dos motoristas foram as mais variadas. Uns apontavam o polegar para baixo, indicando a indignação com a situação da rodovia, enquanto outros chegaram a gritar o chavão “mete o pau”, sugerindo a que a matéria não poupasse críticas à situação precária daquele trecho da rodovia.

     Em um ponto específico, a reportagem conseguiu conversar com alguns motoristas de aplicativos. Esses, por motivos óbvios, pediram para não serem identificados. Mas, as reclamações foram unânimes. Todos protestaram pelas péssimas condições de trafegabilidade, em apenas 4 quilômetros de extensão, entre o Residencial Tiradentes, e a sinaleira eletrônica, nas imediações do bairro Francolândia.

     “O buraco é teu” – Em entrevista para uma TV online local, o secretário de Obras do município de Marabá, engenheiro Fábio Moreira, esclareceu que esse trecho entre Morada Nova até o quilômetro 6 da Nova Marabá, é competência do Estado, já que se trata de uma PA.

     A reportagem tentou, mas não conseguiu manter nenhum contanto com algum 

representante da Secretaria de Estado de Transporte (Setran) do Estado do Pará, 

para saber dos planejamentos para a recuperação da alça viária ao longo da 

Rodovia PA-150, especificamente desse ínfimo trecho tratado na matéria.


                    Fotos: Nilson santos

As imagens dispensam legendas