“GENÉRICOS”
Lista
dos mais vendidos traz alerta para efeitos colaterais
Disfunção
erétil, anti-inflamatórios e analgésicos estão no rol dos mais adquiridos pelos
brasileiros; mas há riscos de pressão alta, entre outros
MARABÁ
A aposentada Izaura Alves
tem 89 anos de idade. Ela cuida de sua casa, prepara as refeições, supervisiona
os netos e, sempre que pode, cultiva feijão, quiabo e outros alimentos no sítio
dos filhos, lembrando o tempo que vivia na roça. Pertinho dos noventa anos, ela
busca ter uma alimentação balanceada, lê muito e procura ter uma vida ativa.
Mas o preço dos anos está sendo cobrado, e ela faz o tratamento de hipertensão
arterial, doença que a acompanha há alguns anos.
Os medicamentos Losartana
e Hidroclorotiazida são seus companheiros diários. Os medicamentos são
receitados no postinho de saúde e retirados na farmácia do bairro onde ela
mora. Às vezes, na falta da gratuidade, ela mesma compra, pois são remédios
indispensáveis e com custo baixo.
Assim como dona Izaura,
milhares de pessoas precisam da Losartana, o primeiro da lista dos dez
medicamentos mais vendidos no Brasil, de acordo com pesquisa da Associação dos
Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (ALANAC), divulgada recentemente. Isso
confirma que grande parte da população sofre com a hipertensão arterial. Além
da Losartana, outros três medicamentos da lista são para tratamento da mesma
doença: Hidroclorotiazida, Enalapril e Atenolol.
Segundo o cardiologista
João Paulo Maia, especialista e professor na Facimpa/Afya, em Marabá, o fato de
quatro dos dez medicamentos da lista serem destinados ao tratamento da
hipertensão arterial só comprova a prevalência da doença na população
brasileira. “De acordo com dados da Pesquisa Vigitel 2023, aproximadamente
27,9% da população brasileira adulta foi diagnosticada com hipertensão. Em idosos
com 65 anos ou mais, a prevalência aumenta significativamente, atingindo 60,9%
da população”, pontua o cardiologista.
A hipertensão arterial é
uma doença silenciosa que pode desencadear quadros graves, alerta o médico. “É
importante que a população busque confirmar esse diagnóstico o quanto antes e
inicie o tratamento, evitando a evolução para insuficiência cardíaca, doença
renal crônica, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Além
disso, ela é uma das principais causas de mortalidade no país, com 388 mortes
por dia atribuídas à condição”, alerta João Paulo.
A lista dos medicamentos
mais consumidos revela ainda o alto consumo de analgésicos (Dipirona),
anti-inflamatórios (Nimesulida) e medicamentos para disfunção erétil (Tadalafila
e Sildenafila). Nesste último caso, notou-se um aumento significativo na
aquisição e consumo da Tadalafila como suposto ‘pré-treino milagroso’, o que,
segundo o cardiologista, não tem comprovação científica. “Não há estudos
científicos robustos que comprovem os benefícios do uso da Tadalafila como
pré-treino. Embora algumas pesquisas investiguem os efeitos do medicamento em
contextos relacionados ao desempenho físico, os resultados são preliminares e
não sustentam seu uso para esse fim”.
O especialista orienta
que a Tadalafila é um vasodilatador indicado para disfunção erétil e
hipertensão pulmonar, mas seu uso como ‘pré-treino’ é perigoso e não indicado
clinicamente.
Questionado sobre os
riscos da automedicação em paralelo com a facilidade na aquisição de remédios,
seja pelo baixo custo ou pelo fato de não precisar de receita médica, o
cardiologista Paulo Maia destaca que a automedicação pode mascarar sintomas e
atrasar o diagnóstico de doenças graves. “Podem ocorrer reações adversas devido
a efeito colateral das medicações, intoxicações causando lesão hepática e
renal, além de dependência psicológica e física. E um dos fatores que leva a
população a essa automedicação é o baixo número de vagas para atendimento com
especialistas na rede pública de saúde”, lamenta.
No ambulatório da Facimpa/Afya,
em Marabá, apenas na especialidade do cardiologista, 227 pacientes foram
atendidos gratuitamente entre fevereiro e abril deste ano. “O importante, mesmo
com toda essa dificuldade, é procurar atendimento especializado antes de
iniciar o uso de medicamentos, sem esquecer que manter hábitos de vida
saudáveis é o primeiro passo para uma vida melhor”, finaliza o cardiologista.
Sobre
a Afya
A Afya, maior hub de
educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de
Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina e
20 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e
de saúde. São 3.653 vagas de medicina autorizadas pelo Ministério da Educação
(MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos últimos 25 anos.
Pioneira em práticas
digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina, 1 a
cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução
digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers.
Primeira empresa de
educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do
jornal Valor Econômico, incluindo "Valor Inovação" (2023) como a mais
inovadora do Brasil, e "Valor 1000" (2021, 2023 e 2024) como a melhor
empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o
melhor CEO na área de Educação pelo prêmio "Executivo de Valor"
(2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”,
do pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 - Saúde e Bem-Estar.
Mais informações em http://www.afya.com.br e ir.afya.com.br. (Texto: Elizabeth Ribeiro)
Imagens:
Elizabeth Ribeiro
Cardiologista João Paulo alerta para o risco da automedicação: "Podem ocorrer reações adversas" Vó Izaura não passa sem seu Losartana, mas tudo devidamente receitado pelo médico