sexta-feira, 21 de novembro de 2025

                                TEMPO

                 NILSON SANTOS*

 Tempo

Porque pedes um tempo?

Se tempo voa que nem o vento

E nem temos tempo de ver o tempo passar

Um tempo; pra que?

Não temos todo o tempo para o tempo que o tempo quer

O tempo passa tão rápido,

Que nem dá tempo de perceber, que já fomos consumidos pelo tempo

Ah!, o tempo...

Porque queres um tempo?

Pra que?

O tempo não vai resgatar o tempo,

que se foi

E, se te oferecer o tempo,

Esse vai parar no tempo

E não vai resgatar o tempo, que se perdeu com o tempo

Ah! Já não temos mais tempo

Nosso tempo se esvaiu no tempo

Que se foi com o vento

Tempos passados

Tempos vividos

Tempos perdidos...

Ah!, se pudesse voltar no tempo,

Para não perder tanto tempo perdido

Em tempos que já se foram;

Tempo

Porque pedes um tempo?

Não, não;

Já não tenho tempo,

Para perder meu tempo,

com tempos vãs

 

            *Radialista, Jornalista, poeta nas horas vagas

                         Imagem: Ilustração

 


 COP 30

Incêndio repercute e interrompe negociações climáticas

Incidente provocou pânico e muito corre-corre no momento em que se discutia uma das pautas mais importantes do encontro

BELÉM/PA

 

A imprensa internacional repercutiu amplamente o incêndio registrado nesta quinta-feira (20) em um dos pavilhões da COP30, em Belém (PA). As chamas atingiram áreas da Zona Azul, no Pavilhão dos Países, e levaram a evacuação de delegados, jornalistas e equipes de apoio. Segundo o governo do Pará, não houve registro de feridos, mas ainda não há informações oficiais sobre as causas do incidente.

Veículos estrangeiros relataram o momento em que o fogo começou e destacou-se a evacuação da área. A BBC, do Reino Unido, colocou o incêndio na manchete de seu site, informando que repórteres da própria emissora presenciaram as chamas. A rede também relatou que um membro da delegação britânica estava próximo do local quando o fogo se espalhou, lembrando que o episódio ocorre enquanto representantes de cerca de 200 países tentam avançar em acordos climáticos.

A Associated Press, dos Estados Unidos, informou que sua equipe precisou ser retirada imediatamente do pavilhão e ressaltou que o incêndio aconteceu na véspera do encerramento da conferência. O Clarín, da Argentina, destacou que o episódio ocorre em meio às negociações sobre transição energética e financiamento climático. Já jornais americanos e franceses enfatizaram que o incidente “mergulhou a cúpula em caos”, interrompendo discussões consideradas decisivas. (Imperador Notícias)

 SAÚDE PÚBLICA

População negra ainda enfrenta discriminação no atendimento

Especialista expõe as desigualdades raciais na saúde pública, onde ainda há barreiras históricas de acesso, acolhimento e dignidade; e falta empatia

MARABÁ

Cerca de 80% da população paraense se identifica como negra e, os indicadores de saúde revelam profundas desigualdades raciais que comprometem o acesso e a qualidade do cuidado. Segundo dados do IBGE, a taxa de desnutrição entre crianças negras no estado é significativamente mais alta, especialmente entre meninos pardos, com índices que saltaram de 6% para 8,5% nos últimos anos. 

Além disso, a percepção da própria saúde entre adultos pretos e pardos é alarmante: mais de 62% avaliam sua saúde como ruim ou regular, refletindo não apenas condições clínicas, mas também o impacto do racismo institucional. A população negra do Pará também enfrenta maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, agravadas pela dificuldade de acesso a serviços de prevenção e tratamento. Esses dados escancaram a urgência de políticas públicas que enfrentem o racismo na saúde com ações estruturantes e reparadoras. 

Para a médica generalista, docente e preceptora em Atenção Primária à Saúde da Afya Marabá, Hannah de Castro Santis, o significado da data (o Dia da Consciência Negra)* está diretamente ligado aos princípios que regem o Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando falamos de equidade, estamos reforçando a necessidade de ações afirmativas em saúde. O racismo estrutural é reconhecido como um determinante social da saúde pela Política Nacional de Saúde Integral da População Negra”, afirma.

Segundo a médica, embora o SUS seja universal, nem todos têm o mesmo acesso. “A integralidade exige que o paciente seja visto como um todo - sua história, seu contexto social, cultural e racial. Isso impacta diretamente no diagnóstico, no tratamento e no acolhimento”, explica Hannah.

A desigualdade racial na saúde se revela também nos números. A população negra apresenta maior incidência de doenças como hipertensão e diabetes, além de enfrentar taxas mais altas de mortalidade materna. Hannah Santis destaca ainda os dados alarmantes sobre violência contra mulheres negras no Pará, tema de seu trabalho de conclusão de curso. “Em todas as variáveis: sexual, religiosa, moral, psicológica, financeira, as mulheres negras sofrem mais”, relata.

A médica também aponta o abandono escolar como um fator que afeta diretamente o histórico de saúde de crianças negras, associando-o à negligência, desnutrição e doenças do neurodesenvolvimento. “Tudo isso precisa ser considerado na prática clínica”, reforça.

Na Afya Marabá, ações concretas têm sido realizadas para enfrentar essas desigualdades desde a formação médica. “Vejo os alunos indo a locais de difícil acesso, levando saúde às populações vulneráveis e aprendendo a importância da escuta ativa e do acolhimento. O paciente que não é bem recebido na porta de entrada do SUS não volta mais. E isso afeta diretamente sua saúde”, alerta.

Hannah acredita que a mudança começa na atitude de cada profissional. “O médico não tem mais desculpa para dizer que não sabia. A ética, a humanização e as políticas públicas são ensinadas desde o início da formação. Cabe a nós romper barreiras, combater o preconceito e garantir dignidade no cuidado”, afirma.

Ela destaca ainda o papel transformador das ações de extensão como o PIEPI, que levam estudantes às escolas e comunidades, promovendo educação em saúde desde a infância. “É emocionante ver os resultados dessas ações. Elas mostram que é possível formar profissionais comprometidos com a equidade e com o respeito à diversidade”.

No Dia da Consciência Negra, mais do que nunca, o que todos devem entender é que cuidar da saúde da população negra exige mais do que técnica, é necessário empatia, escuta, compromisso e coragem para transformar a atual realidade. Como conclui a médica Hannah Santis, “o paciente pode chegar carregando uma história de dor e preconceito. É nosso papel acolher, entender e garantir que ele receba não só tratamento, mas respeito e humanidade”.

Serviço:

Sobre a Afya

A Afya, maior ecossistema de educação e tecnologia em medicina no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior, 33 delas com cursos de Medicina e 25 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde em todas as regiões do país.

São 3.653 vagas de Medicina aprovadas e 3.543 vagas de medicina em operação, com mais de 24 mil alunos formados nos últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da Medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de Medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil e “Valor 1000” (2021, 2023, 2024 e 2025) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do Pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 - Saúde e Bem-Estar.

Mais informações em: www.afya.com.br e ir.afya.com.br. (Elizabeth Ribeiro/Ascom/Facimpa)

*o Dia da Consciência Negra é comemorado sempre no dia 20 de novembro, feriado nacional (nota do Editor)

Médica Hannah Santis: "Integralidade exige que o paciente seja visto como um todo"

Mais da metade da população negra no Pará avalia sua saúde como ruim ou regular