quinta-feira, 14 de abril de 2022

 

          ESPELHO MEU
                    NILSON SANTOS*
 
Espelho, espelho meu
Porque mentes pra mim?
Se tornou inimigo meu?

     Te olho
     Vejo tudo diferente
     Meio que embaçado;
     O rosto que visualizo
     Já não é o mesmo que dantes

Estás a me ludibriar?
Mágica?
Essa imagem que refletes,
É fruto de alguma pirotecnia?
Aquelas linhas
Que mais parecem sulcos
Na beirada de meus olhos
Me explica por favor
Espelho meu
Tentas me passar alguma mensagem?
Mostrar, o que não consigo vê?
 
      Porque tudo se faz embaçado?
     Firmo bem meus olhos
     Que chegam a lacrimejar
     E já não vejo o rosto de outrora
     
O que aconteceu?
Que manchas são essas,
Que pigmentam aqui e ali?
E essas marcas profundas
Vincadas,
Em linhas emaranhadas?

     Espelho, espelho meu
     Porque mentes pra mim?

Esses cabelos caneados,
Quando foram plantados aí?
Seria ilusão de ótica?

     Ah, entendi,
     Amigo espelho meu,
     São apenas maquiagens do tempo,
     Né?

Para que possa encenar outro papel
Nesse palco mal iluminado
Da vida que segue

     Mas, que papel?
     Serei o ator principal?
     Ou mero coadjuvante,
     De importância secundária?

Talvez palhaço
Da vida desiludida

     Não, não mente pra mim,
     Espelho, espelho meu.
 
*Jornalista, Radialista, Poeta nas horas vagas
          12/04/2022

                                              *Apenas ilustração