Deu no Opinião, edição 2661 desta terça:
Constante aumento nas contas de
energia levou um grupo de pessoas a pensar numa manifestação pacífica
NILSON SANTOS
Indignação.
Esta é a palavra unânime na boca de quem está
aderindo ao movimento popular que
nasceu para bater de frente contra a Centrais Elétricas do Pará (Celpa),
concessionária de energia que abastece todo o Estado.
Uma listagem já está
percorrendo os principais bairros de Marabá visando colher o maior número de
assinaturas em um abaixo assinado, cujo objetivo é chamar a atenção das autoridades
constituídas para os constantes aumentos abusivos impostos pela empresa nas
contas de energia.
O que vem solapando o já minguado salário do trabalhador.
O
movimento não tem cunho político.
É o que faz questão de colocar a dona de casa
Eliana Carvalho, moradora do bairro Laranjeiras e que teve a iniciativa do
abaixo assinado.
Ela foi impulsionada pelo simples fato da conta da residência
dela ter pulado de pouco mais R$ 300,00 para quase oitocentos reais.
“Nosso
consumo é o mesmo, não aumentou em nada e a conta veio esse absurdo. Meu marido
quase teve um infarto”, conta a mulher, exibindo a conta de luz.
Foi
a partir daí que Eliana teve a ideia do abaixo assinado,
iniciativa prontamente
abraçada pela vizinhança.
Na rua 31 de Março, por onde começou a coleta das
assinaturas, a reclamação é unânime.
Não há um só morador que não esteja
sentindo no bolso o peso do reajuste que, na opinião de todos, está sendo
abusivo.
“Eu
pagava em torno de R$ 180, agora veio R$ 500. Vou
trabalhar só para pagar
energia?”, questiona o autônomo José de Toledo Farias, também exibindo o talão
deste mês.
A
meta de Eliana e das outras pessoas que abraçaram a causa, é colher o maior
número possível de assinaturas e encaminhar um documento ao Ministério Público
Estadual (MPE), à Câmara de Vereadores e à Assembleia Legislativa do Estado do
Pará (Alepa).
“Queremos chamar a atenção das autoridades para que deem um jeito
de rever essa situação. Não é aceitável que em um estado gerador de energia
como o nosso, tenhamos que pagar uma conta tão cara como estamos pagando”,
reclama a dona de casa.
Quem
assina a listagem, conta um pouco de seu drama.
Assunção Gomes do Nascimento,
do Bairro Bela Vista, disse ter ficado “assustado” quando viu a conta do mês; a
cobradora Cilene, que trabalha em uma empresa de ônibus, afirma que tem apenas
uma geladeira, uma televisão e um ventilador. A conta dela pulou de R$ 70,00
para quase R$ 200,00. “E quase não uso a TV nem o ventilador, porque passo o
dia fora de casa. Quando chego do trabalho cansada, já é para dormir e só ligo
o ventilador”, reclama.
E
por aí vai.
Amaro Ferreira, que pagava uma média de R$ 238,00,
agora vai ter
que desembolsar R$ 546,00. “Onde é que vamos parar desse jeito? Vamos trabalhar
só para pagar energia?”, questiona ele, que mora no bairro Laranjeiras.
Apoio – O
movimento já tomou corpo e vem recebendo apoio de comerciantes e pequenos
empresários, que também se sentem prejudicados com os constantes reajustes na
conta de energia. Muitos estão bancando o papel para a coleta de assinaturas, e
até mesmo carro de som para divulgar a ação de protesto.
Até
o presente momento, segundo avaliação de Eliana Carvalho, já foram colhidas
cerca de três mil assinaturas. “Com cinco mil (assinaturas) vamos dar entrada
com um documento no Ministério Público”, disse.
Impostos ajudam a “engordar” a
conta
Quando
o consumidor recebe o talão de luz, no geral ele
olha logo o valor total da
conta, que vem sempre em “negrito”, que é para ser melhor visualizado .
Ultimamente, olhar para essa parte do boleto é sinônimo de “tomar um susto”.
Mas,
ao verificar detalhadamente os valores se percebe que são os impostos os
verdadeiros vilões que alteram a conta de luz.
Só para exemplificar, uma conta
que totalizou R$ 500,93, de um dos reclamantes, o consumo da energia
propriamente dita contabilizou apenas R$ 293,69.
O restante é tudo imposto, com
destaque para o de Circulação de Mercadorias, que é o ICMS, cujo valor foi R$
112,25.
Aí
vem a Contribuição para o
Financiamento da
Seguridade Social (Cofins), um tributo federal que tem como
objetivo financiar a Seguridade Social, em suas áreas fundamentais, incluindo
entre elas a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública; Programa
de Integração Social (PIS), uma contribuição tributária de caráter social que
tem como objetivo financiar o pagamento do seguro-desemprego, abono e
participação na receita dos órgãos e entidades, tanto para os trabalhadores de
empresas públicas, quanto privadas.
Entre outras tributações, incluindo a
iluminação pública, que também não sai nada barato. (N.S.)
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