quarta-feira, 18 de novembro de 2015

REAJUSTES MOBILIZAM CONSUMIDORES CONTRA A CELPA

Deu no Opinião, edição 2661 desta terça:

Constante aumento nas contas de energia levou um grupo de pessoas a pensar numa manifestação pacífica

              NILSON SANTOS

     Indignação. 

     Esta é a palavra unânime na boca de quem está 
aderindo ao movimento popular que nasceu para bater de frente contra a Centrais Elétricas do Pará (Celpa), concessionária de energia que abastece todo o Estado. 

     Uma listagem já está percorrendo os principais bairros de Marabá visando colher o maior número de assinaturas em um abaixo assinado, cujo objetivo é chamar a atenção das autoridades constituídas para os constantes aumentos abusivos impostos pela empresa nas contas de energia. 

     O que vem solapando o já minguado salário do trabalhador.

     O movimento não tem cunho político. 

     É o que faz questão de colocar a dona de casa Eliana Carvalho, moradora do bairro Laranjeiras e que teve a iniciativa do abaixo assinado. 

     Ela foi impulsionada pelo simples fato da conta da residência dela ter pulado de pouco mais R$ 300,00 para quase oitocentos reais. 

     “Nosso consumo é o mesmo, não aumentou em nada e a conta veio esse absurdo. Meu marido quase teve um infarto”, conta a mulher, exibindo a conta de luz.

     Foi a partir daí que Eliana teve a ideia do abaixo assinado,
iniciativa prontamente abraçada pela vizinhança. 

     Na rua 31 de Março, por onde começou a coleta das assinaturas, a reclamação é unânime. 

     Não há um só morador que não esteja sentindo no bolso o peso do reajuste que, na opinião de todos, está sendo abusivo.

     “Eu pagava em torno de R$ 180, agora veio R$ 500. Vou 
trabalhar só para pagar energia?”, questiona o autônomo José de Toledo Farias, também exibindo o talão deste mês.

     A meta de Eliana e das outras pessoas que abraçaram a causa, é colher o maior número possível de assinaturas e encaminhar um documento ao Ministério Público Estadual (MPE), à Câmara de Vereadores e à Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). 

     “Queremos chamar a atenção das autoridades para que deem um jeito de rever essa situação. Não é aceitável que em um estado gerador de energia como o nosso, tenhamos que pagar uma conta tão cara como estamos pagando”, reclama a dona de casa.

     Quem assina a listagem, conta um pouco de seu drama.
Assunção Gomes do Nascimento, do Bairro Bela Vista, disse ter ficado “assustado” quando viu a conta do mês; a cobradora Cilene, que trabalha em uma empresa de ônibus, afirma que tem apenas uma geladeira, uma televisão e um ventilador. A conta dela pulou de R$ 70,00 para quase R$ 200,00. “E quase não uso a TV nem o ventilador, porque passo o dia fora de casa. Quando chego do trabalho cansada, já é para dormir e só ligo o ventilador”, reclama.

     E por aí vai. 

     Amaro Ferreira, que pagava uma média de R$ 238,00,
agora vai ter que desembolsar R$ 546,00. “Onde é que vamos parar desse jeito? Vamos trabalhar só para pagar energia?”, questiona ele, que mora no bairro Laranjeiras.

     Apoio – O movimento já tomou corpo e vem recebendo apoio de comerciantes e pequenos empresários, que também se sentem prejudicados com os constantes reajustes na conta de energia. Muitos estão bancando o papel para a coleta de assinaturas, e até mesmo carro de som para divulgar a ação de protesto.     

     Até o presente momento, segundo avaliação de Eliana Carvalho, já foram colhidas cerca de três mil assinaturas. “Com cinco mil (assinaturas) vamos dar entrada com um documento no Ministério Público”, disse.



         Impostos ajudam a “engordar” a conta

     Quando o consumidor recebe o talão de luz, no geral ele 
olha logo o valor total da conta, que vem sempre em “negrito”, que é para ser melhor visualizado . 

     Ultimamente, olhar para essa parte do boleto é sinônimo de “tomar um susto”.

     Mas, ao verificar detalhadamente os valores se percebe que são os impostos os verdadeiros vilões que alteram a conta de luz. 

     Só para exemplificar, uma conta que totalizou R$ 500,93, de um dos reclamantes, o consumo da energia propriamente dita contabilizou apenas R$ 293,69. 

     O restante é tudo imposto, com destaque para o de Circulação de Mercadorias, que é o ICMS, cujo valor foi R$ 112,25.


     Aí vem a Contribuição para o Financiamento da 
Seguridade Social (Cofins), um tributo federal que tem como objetivo financiar a Seguridade Social, em suas áreas fundamentais, incluindo entre elas a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública; Programa de Integração Social (PIS), uma contribuição tributária de caráter social que tem como objetivo financiar o pagamento do seguro-desemprego, abono e participação na receita dos órgãos e entidades, tanto para os trabalhadores de empresas públicas, quanto privadas. 

     Entre outras tributações, incluindo a iluminação pública, que também não sai nada barato. (N.S.)

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