terça-feira, 30 de setembro de 2025

 SETEMBRO AMARELO

Campanha lembra que saúde mental é responsabilidade de todos

Acolhimento, escuta e suporte para uma formação médica mais humana; Afya reforça o cuidado integral dos estudantes de suas unidades com conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio

MARABÁ

 O “Setembro Amarelo” nos lembra que cuidar da saúde mental é responsabilidade de todos. E na formação de médicos mais humanos, empáticos e emocionalmente preparados para os desafios da profissão, essa preocupação não se resume apenas ao mês em curso, é uma constante, especialmente para o Núcleo de Experiência Discente (NED) presente nas unidades da Afya – maior hub de educação e tecnologia para prática médica que reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país.

Jones Estevão Leite, 25 anos, é um exemplo vivo desse cuidado. Acadêmico de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Marabá, sua trajetória é marcada por persistência e reinvenção. Antes de encontrar seu caminho na Medicina, passou por diversos cursos — Engenharia Elétrica, Engenharia da Computação, Direito, Psicologia — mas não conseguia se adaptar. “Minha rotina acadêmica era bem disfuncional. Eu enfrentava os mais variados desafios: horários, rotina, relacionamentos sociais, acabava me enrolando todo”, relembra.

Ao ingressar na Afya Marabá, Jones teve seu primeiro contato com o NED logo na primeira semana de aula. “Eu estava iniciando um acompanhamento psicológico. Tinha acabado de entrar na faculdade e estava curtindo bastante. Mas era muita mudança. Pedi para conversar com eles em particular, e foi aí que tudo começou”. Desde então, o apoio do NED se tornou essencial em sua jornada. “Recebi atendimentos psicológico, pedagógico e psicopedagógico. Conversamos sobre rotina, estudos, organização e até questões pessoais. Eles são sempre receptivos, mesmo com a agenda apertada. Sempre dão um jeito de encaixar”.

Com o apoio, as mudanças já são notadas na rotina do acadêmico, que relata estar mais funcional, cumprindo os prazos e estudando regularmente.

A história de Jones revela o impacto profundo que o NED tem na vida dos estudantes. Coordenado pela psicóloga Vanessa Feitoza, o NED Afya Marabá é um espaço de acolhimento, orientação e apoio diante das múltiplas demandas da vida acadêmica. Atua como um ponto de segurança dentro da instituição, promovendo uma formação que reconhece o estudante como ser humano em sua totalidade, sendo composto por psicóloga, pedagogo e psicopedagogo.

“A proposta do NED nasce da compreensão de que a vida acadêmica não se separa da vida pessoal. Questões familiares, emocionais e individuais influenciam diretamente no desempenho acadêmico — e vice-versa. Por isso, o núcleo se estrutura como um ambiente de escuta ativa, reflexão e ação, com o compromisso de garantir que todos os alunos tenham condições de viver sua trajetória universitária de forma equilibrada e humanizada”, explica Vanessa.

No curso de Medicina, essa atuação se torna ainda mais essencial. A formação médica exige dedicação integral, com carga horária intensa e renúncias significativas na vida pessoal. “Muitos estudantes enfrentam pressões emocionais e acadêmicas ao abrir mão de momentos com a família, lazer e relacionamentos. O NED surge como um espaço de acolhimento para esses enfrentamentos, fortalecendo habilidades socioemocionais fundamentais para a prática médica. Afinal, médicos também são seres humanos — sentem, se angustiam, precisam descansar”, destaca a coordenadora.

Redenção - Assim como em Marabá, o NED da Afya Faculdade de Redenção, é composto por uma equipe multidisciplinar. "Trabalhamos de forma integrada, sempre alinhando as demandas e fortalecendo o suporte ao aluno em diferentes frentes”, explica Rebecca Eustorgio de Oliveira – Fisioterapeuta, Intérprete/tradutora de Libras e Coordenadora do NED Afya Redenção. Segundo ela, o sigilo ético é um pilar do núcleo, garantindo que os alunos se sintam seguros para compartilhar suas vivências.

A acadêmica Ana Luiza Barbosa Dias, do 8º período de Medicina em Redenção encontrou essa segurança no trabalho do núcleo. “O NED tem feito toda a diferença na minha vida acadêmica. Morar longe da minha família não é fácil, muitas vezes a saudade aperta e somado a isso vem a autocobrança e a ansiedade, principalmente nos períodos de prova. Já cheguei a passar por crises por causa disso, mas encontrei no NED um espaço de apoio e acolhimento”, desabafa. 

Em situações de crise, como casos de depressão ou burnout, o NED oferece escuta imediata e suporte psicológico inicial, envolvendo a rede de apoio do aluno sempre que necessário — inclusive a família.

Outro papel fundamental do NED é no campo da inclusão e acessibilidade. Onde está presente, o núcleo está preparado para atender alunos com diferentes condições, como TDAH, TEA, dislexia, deficiência visual ou auditiva. A partir de uma escuta cuidadosa, são desenvolvidas estratégias específicas de acompanhamento, que fazem parte do atendimento educacional especializado. O plano educacional individualizado é construído em parceria com os docentes, garantindo que o aluno tenha acesso a recursos como tempo adicional em provas ou salas com menos estímulos.

Além dos atendimentos, o NED promove campanhas de conscientização e ações preventivas que impactam toda a comunidade acadêmica. Nessas ações, o núcleo reforça que o médico não é apenas um profissional técnico, mas alguém que também carrega emoções, histórias e vulnerabilidades.

A Afya, seja em Marabá, Redenção ou em qualquer uma de suas unidades de graduação, pós-graduação e educação continuada, reafirma: cuidar da saúde mental é cuidar da vida. E formar médicos mais humanos começa por reconhecer que, antes de tudo, eles também são pessoas.

A campanha “Bora se Cuidar” busca dar visibilidade à importância da saúde mental e ser um porto seguro para médicos e estudantes de Medicina. Com uma abordagem leve e acessível, a iniciativa utiliza influenciadores para amplificar o tema e apoia o público por meio de diferentes formatos e canais: conteúdos em vídeo, podcasts especiais e uma landing page exclusiva que reúne chat de ajuda, cartilha de autocuidado e calendário de eventos, permitindo que cada pessoa escolha o formato que melhor se encaixa em seu momento. (Elizabeth Ribeiro/Ascom/Facimpa)

                            Imagens: Ascom/Facimpa

Acadêmicos de Redenção participam de atividades em conjunto com o NED

Aluna Ana Luiza e a psicóloga Vanessa, esta coordenadora do NED em Marabá 

NED tem papel bastante importante na formação dos novos médicos



segunda-feira, 15 de setembro de 2025

DIREITO DE FAMÍLIA

Pets podem ser reconhecidos como seres sencientes

Quando o amor acaba, mas o latido não: quem fica com o animal após a separação? A guarda deve ser priorizada pelo vínculo afetivo e o bem estar 

REDENÇÃO (PA)

Eles dividiram a casa, os planos e até o sofá — sempre com o cachorro entre os dois, como parte da família. Mas quando o relacionamento terminou, o latido que antes unia virou motivo de dúvida. Afinal, quem tem o direito de ficar com o animal de estimação? E mais importante: o que é melhor para ele?

Foi exatamente essa pergunta que Luiz Paulo Santos Martins e sua então companheira precisaram responder. O casal adotou um filhote de Golden Retriever, presente de uma amiga, e mais tarde decidiram incluir uma gata na família. “A gente sempre brincava sobre quem eles escolheriam para morar”, conta Luiz Paulo. No fim, o cachorro ficou com ele, e a gata com ela — cada um mantendo a rotina dos pets e permitindo visitas livres, respeitando o vínculo afetivo que os animais também carregam.

A separação foi tranquila, mas não sem dor. “O cachorro ficava agitado ao ver a tutora, confundia pessoas na rua achando que era ela. A gata, mais desconfiada, demorou a brincar comigo como antes”, relembra. Sem recorrer à Justiça, o casal fez um acordo informal, priorizando o bem-estar dos animais. “Eles também sentem saudade. É preciso pensar neles, não só na gente”.

Em tempos em que os pets ocupam lugar de filhos no coração dos tutores, a separação de um casal não envolve apenas bens materiais — envolve sentimentos, rotinas e vínculos profundos com seres que não falam, mas sentem. E cada vez mais, essas histórias têm ido parar nos tribunais.

Segundo a advogada e professora da Afya Redenção, Daniela Stefanni Regis do Amaral, o Direito brasileiro ainda trata os animais como semoventes — bens móveis com movimento próprio — conforme o Código Civil. “Essa classificação tradicional os sujeita à partilha patrimonial, mas a jurisprudência tem avançado para reconhecer os animais como seres sencientes, merecedores de proteção jurídica diferenciada”, explica.

Nos tribunais, princípios do Direito de Família têm sido aplicados por analogia para decidir sobre guarda, visitação e até pensão alimentícia para pets. Daniela destaca que “o Superior Tribunal de Justiça já reconheceu o direito de visita a um animal após a dissolução de união estável, e a guarda compartilhada pode ser fixada conforme o caso concreto”.

Embora ainda não exista jurisprudência consolidada, decisões como as do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e do Distrito Federal mostram que os juízes têm considerado o vínculo afetivo entre humanos e animais como critério relevante. “A ligação emocional, a capacidade de cuidados, a estabilidade do lar e a rotina do animal são aspectos que pesam na decisão”, afirma a especialista.

A guarda compartilhada é possível, desde que haja acordo entre as partes ou decisão judicial que formalize o arranjo. Na prática, isso pode ser feito por meio de um acordo extrajudicial, especialmente quando há boa comunicação entre os ex companheiros. “Se houver descumprimento de um acordo verbal, é recomendável formalizar juridicamente para garantir segurança às partes e ao animal”, orienta Daniela.

Em casos de maus-tratos ou violência doméstica, o sistema jurídico brasileiro é claro: a Lei nº 9.605/1998 tipifica como crime qualquer ação ou omissão que cause sofrimento ao animal, e a Lei nº 14.064/2020 agravou as penalidades. “A proteção das vítimas e a responsabilização dos agressores são prioridades, inclusive quando o pet é envolvido na dinâmica da violência”, reforça.

Na hora de decidir quem fica com o animal, provas como fotografias, vídeos e testemunhos que evidenciem o vínculo afetivo são fundamentais. “É preciso ir além da letra da lei e considerar o bem-estar do animal, que também sofre com a separação”, pontua Daniela.

Para casais que estão se separando e têm um pet em comum, a recomendação é clara: priorizar o animal. “Os pets são cada vez mais reconhecidos como membros da família. A solução deve considerar o bem-estar do animal e os vínculos afetivos com os tutores, evitando, na medida do possível, o rompimento desses laços”, conclui.

O Direito ainda caminha para acompanhar essa nova realidade. A expectativa, segundo Daniela, é que a legislação evolua para reconhecer legalmente a senciência dos animais, aplicar normas do Direito de Família e promover políticas públicas de educação e conscientização. Porque quando o amor acaba, o latido que fica não é apenas ruído — é afeto que precisa ser respeitado.

Serviço:

A população de Redenção pode ter acesso a orientações jurídicas de todas as naturezas e ingresso de ações judiciais, a depender do caso, através do Núcleo de Práticas Jurídicas - NPJ - da Faculdade de Direito da Afya Redenção, localizada na Avenida Brasil, 1435 - Alto Paraná, Redenção - PA. O atendimento à população, especialmente público de baixa renda, acontece de segunda à sexta-feira, das 08 às 17h. (Elizabeth Ribeiro/Ascom/Facimpa)

                                         Imagens: Ascom/Facimpa

Advogada Daniela: "Direito brasileiro ainda trata os animais como semoventes"

Está cada vez mais comum a disputa pela guarda de um pet ir parar nos tribunais