segunda-feira, 2 de março de 2015

COMBATE AO TRÁFICO DE DROGAS: "MISSÃO QUASE IMPOSSÍVEL"

     “O combate ao tráfico de drogas, em todas as suas nuances, é muito difícil”. As palavras são do novo comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Sérgio Fialho, em entrevista à um canal de televisão local.

     Bastante realista quanto a problemática do tráfico de drogas, não apenas em Marabá, Fialho reconhece que, enquanto existir a situação do usuário, o traficante dificilmente será banido do seio da sociedade. 

     E a existência desse usuário, acredita, nasce a partir da desestruturação da base familiar, quando o jovem e adolescente saem de casa mais cedo – uma forma de fugir dos problemas dentro do lar - e passam a ter contato com o mundo das drogas de forma prematura.

     “Havendo o usuário, o consumidor, o traficante e seus atravessadores sempre estarão procurando um jeito de alimentar esse vício”, disse tenente-coronel Fialho, durante a entrevista concedida ao radialista e apresentador Nonato Dourado. É quando até mesmo os próprios menores, em situação de risco e vulnerabilidade social, são usados como “avião” do tráfico.

     Triste realidade que acaba virando verdadeira bola de neve. De “avião” o menor chega também ao vício, na maioria dos casos não consegue mais acertar com o fornecedor e, nessa escalada que leva ao fundo do poço, muitas das vezes o adolescente nem chega a desfrutar da juventude. 

     É eliminado, na maioria das vezes sob encomenda de quem comanda o tráfico.

     Nesse aspecto, tenente-coronel Sérgio Fialho conclama os pais a acompanharem mais de perto o dia a dia de seus filhos. “Os pais precisam saber o que seus filhos estão fazendo na rua, à noite, justamente para evitar que eles se envolvam com más amizades e péssimas companhias”. 

     Na opinião do comandante, a prevenção ao uso dos entorpecentes está diretamente ligada ao bom convívio familiar e a forma de criar os filhos.

     Apesar das dificuldades que ele enumera para combater o tráfico de drogas, mas Fialho lembra que a Polícia Militar (PM) vem fazendo a sua parte. Com rondas ostensivas, patrulhamentos preventivos e o sistema presencial nos principais pontos da cidade. 

     Mas ele reconhece, também, que o efetivo disponibilizado no 4º BPM não é suficiente para cobrir, de forma mais eficiente, os vários bairros, Distritos e Núcleos da grande Marabá. Para suprir tal deficiência, o comandante espera contar com a colaboração da sociedade.   

     “A população é que sabe onde o calo aperta, conhece das necessidades e tem conhecimento, às vezes muito mais do que a polícia, onde estão os pontos de venda de drogas, as ‘bocas de fumo’. Então é só denunciar através dos meios seguros”, conclama Fialho, alertando que a identidade do informante será preservada.

     Sobre a ação da bandidagem pela cidade, que tem como alvo em sua maioria motos e aparelhos de telefone celular, o comandante do 4º BPM alerta que o efetivo também está atento para essa modalidade, de furto ou roubo. 

     “Tanto é que temos recuperado algumas motocicletas, muitas delas usadas até mesmo para a prática de algum crime e depois abandonada pelo meliante”, assevera.

     Modalidade – “Roubo de subsistência”. A frase é novidade. Mas foi usada pelo próprio Fialho para tentar explicar os assaltos “relâmpagos” que acontecem pela cidade, geralmente por menores em conflito com a lei que agem, ou em dupla ou sozinhos, quase sempre usando bicicletas para facilitar a fuga. Modalidade cada vez mais comum, principalmente em paradas de ônibus ou pela periferia.   

     De posse do celular conseguido no roubo, alvo principal desse tipo de assalto, o meliante o repassa lá na frente por valores insignificantes, muito abaixo do que realmente vale. “Ou para comprar droga, ou até mesmo se alimentar”, ensina o coronel. Daí o termo do “roubo de subsistência”.

                                   Foto: Osvaldo Beija Flor

Tenente-coronel Fialho está no comando do 4º BPM desde janeiro deste ano



                                                                Arquivo Jornal Opinião


O combate ao tráfico de drogas tem sido sistemático pelas forças de segurança

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