sábado, 19 de setembro de 2020

                                     UMA CANÇÃO PARA ELA

                                                       NILSON SANTOS*



Passeio minha lascívia pelo teu corpo nu
as mãos, num frenesi suave
para não ofender
não macular,
a maciez da pele aveludada

     Deslizo meus dedos pelo corpo suave
     tentando arrancar,
     acordes de prazer...
     te sinto estremecer
     na volúpia da paixão;
     te escuto gemer baixinho
     enquanto mergulho suave
     na fenda de teus mistérios

Teus olhos cristalinos
que inebriam, enfeitiçam, hipnotizam
me fascinam,
que não me deixam fugir
e me fazem prisioneiro,
nessa luxúria de amor.

     E eu, ligeiramente embriagado
     na essência de teu perfume
     busco em teus lábios macios
     tão cálidos
     o gosto de mel
     da doce ilusão

Vislumbro teu corpo nu
estendido, à me provocar
à torturar em meus devaneios;
minhas mãos explorando, languidamente,
detalhe por detalhe...
e explodem em sensação de torpor
no sobe e desce, de loucura e paixão.

     E quando vais ao banho
     à lavar as manchas do prazer,
     sinto novamente a lascívia
     que me faz delirar
     e me conduz a sonhos desvairados
     de uma doce ilusão

Timidamente,
a água desce pelos teus seios
ligeiramente encobertos
pelas pontas dos teus cabelos,
como a te proteger
de meus olhos famintos
sedentos,
desse teu corpo desnudo

     Tal qual uma miragem no deserto...
     tento de tocar novamente
     mas a maciez que sinto,
     é a tela do computador...
     meus dedos a deslizar
     pela imagem de teu corpo,
     agora já coberto
     pelo pudor do vestido
     vermelho púrpura;

Então volto à realidade
e descubro
que tudo não passou de uma doce ilusão;
e de novo me vejo sozinho
... em meu mundo de solidão.

                *Jornalista, Radialista, poeta nas horas vagas

                                    *apenas ilustração




     


      

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