ALERTA
O
coração dos brasileiros está pedindo socorro
Não
por doença de amor; casos de AVC em jovens crescem no Brasil e colocam em
evidência a necessidade de check-ups cardiológicos regulares
MARABÁ
Era 1º de dezembro de
2022. A jornalista Larissa Rocha chegou para um evento de trabalho na cidade de
Parauapebas já sentindo dor de cabeça. Naquela noite, ela teve que ser mestre
de cerimônias devido à ausência de outro profissional. Apesar de ser uma
atividade comum, Larissa estava apreensiva. Fez a abertura do evento já
sentindo dificuldades na fala e, para descer do palco, precisou de ajuda. Ao se
sentar, disse às pessoas ao seu redor: "Estou tendo um AVC."
Algumas horas depois, a
jornalista estava no pronto-socorro recebendo o diagnóstico de
"enxaqueca", mas insistia com o médico que estava sofrendo um AVC. Em
pouco tempo, ali mesmo no PS, perdeu a fala, embora estivesse consciente.
Durante o exame de tomografia de crânio, escutou a confirmação: "É
hemorrágico." Ela, mulher, relativamente saudável, 32 anos, havia sofrido um
Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Graças à insistência no
próprio diagnóstico, Larissa recebeu o tratamento adequado e não se tornou
parte da estatística da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que aponta
as doenças cardiovasculares como causa de 400 mil mortes anuais no Brasil. A
jornalista foi transferida para uma UTI em Belém, capital do estado, e
enfrentou um processo de recuperação doloroso – especialmente quando,
finalmente, recebeu o diagnóstico: AVC em consequência de um Burnout
(esgotamento físico) não tratado.
O aumento de casos de AVC
em pessoas abaixo dos 45 anos, como o de Larissa, tem chamado a atenção dos
especialistas. O cardiologista João Paulo Maia, pós-graduado em Medicina Esportiva
e professor na Facimpa/Afya, em Marabá, alerta que as doenças cardiovasculares
são a principal causa de morte no mundo, responsáveis por cerca de 17,9 milhões
de óbitos anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele destaca
que a prevenção, por meio da realização de exames periódicos e check-ups
cardiológicos, pode ser determinante para salvar vidas.
"Ao realizar um
check-up cardiológico, o paciente passa por uma avaliação completa que inclui
exames como eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico, MAPA e exames
de sangue para avaliar os níveis de colesterol, glicose, função renal, ácido
úrico e outros marcadores de risco. O objetivo é identificar precocemente
condições como hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca e doença
coronariana, entre outros problemas que, muitas vezes, são silenciosos, podendo
levar a complicações graves e à morte", explica o cardiologista. Ainda
segundo o médico, o check-up é indicado para todos. No entanto, pessoas dos
grupos de risco – como hipertensos, diabéticos, fumantes, sedentários e obesos
– e aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas, principalmente em
parentes de primeiro grau, precisam estar ainda mais atentos aos exames e
sinais. Ele destaca o caso de pessoas jovens, como Larissa, que frequentemente
mergulham no trabalho, negligenciam a boa alimentação e a prática de
exercícios, além de viverem sob forte estresse.
"O estresse, assim
como momentos de raiva, tristeza ou exaustão física, pode ser um gatilho para
desencadear um AVC. Por isso, observar seus limites e procurar ajuda médica e
psicológica é fundamental", orienta o cardiologista.
Aprendizados
após o AVC
"Fiz uma reflexão e
tive a certeza de que a vida nos dois anos anteriores ao AVC não era o mar de
rosas que eu pensava. Eu vivia o pior estilo de vida possível, sofria com
insônia, ansiedade e dores de cabeça que me levavam ao pronto-socorro e eram
tratadas como normais. Com tudo isso, aprendi que o estresse do trabalho não é
meu", desabafa a jornalista.
Após o diagnóstico,
Larissa teve que reaprender a viver. Foram necessárias muitas horas de
fisioterapia, acompanhamento médico constante e diversos medicamentos – mas
sempre com a força de vontade de seguir em frente. Nos treinos de crossfit,
reencontrou a fonte de ânimo para retomar uma vida menos acelerada e mais
focada nos cuidados consigo mesma.
E, sobre se cuidar, ela
também tem uma mensagem: "Ao perceber qualquer sinal diferente no seu corpo
e na sua rotina, por menor que seja, pare para refletir sobre o que mudou e por
quê. Não guarde problemas ou mágoas, não tente resolver tudo sozinho. E o mais
importante: o check-up médico não tem idade obrigatória, deve ser feito como
prevenção – e não apenas após o aparecimento da doença. Não existe vergonha em
cuidar da saúde. O que existe é pressa e compromisso com você mesmo".
Atendimentos
Em Marabá, o
Ambulatório da Facimpa/Afya dispõe de atendimento gratuito com cardiologista.
Para receber atendimento, o paciente deve se direcionar ao prédio, que fica
localizado na Rodovia Transamazônica, bairro Amapá, às proximidades do Centro
de Saúde Pedro Cavalcante. Os atendimentos são agendados de acordo com a
demanda, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h30, e aos sábados, das 8h às
12h. (Elizabeth Ribeiro/Ascom/Facimpa)
Imagens: Ascom/Facimpa
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