terça-feira, 15 de julho de 2025

 ALERTA

O coração dos brasileiros está pedindo socorro

Não por doença de amor; casos de AVC em jovens crescem no Brasil e colocam em evidência a necessidade de check-ups cardiológicos regulares

MARABÁ

Era 1º de dezembro de 2022. A jornalista Larissa Rocha chegou para um evento de trabalho na cidade de Parauapebas já sentindo dor de cabeça. Naquela noite, ela teve que ser mestre de cerimônias devido à ausência de outro profissional. Apesar de ser uma atividade comum, Larissa estava apreensiva. Fez a abertura do evento já sentindo dificuldades na fala e, para descer do palco, precisou de ajuda. Ao se sentar, disse às pessoas ao seu redor: "Estou tendo um AVC." 

Algumas horas depois, a jornalista estava no pronto-socorro recebendo o diagnóstico de "enxaqueca", mas insistia com o médico que estava sofrendo um AVC. Em pouco tempo, ali mesmo no PS, perdeu a fala, embora estivesse consciente. Durante o exame de tomografia de crânio, escutou a confirmação: "É hemorrágico." Ela, mulher, relativamente saudável, 32 anos, havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). 

Graças à insistência no próprio diagnóstico, Larissa recebeu o tratamento adequado e não se tornou parte da estatística da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que aponta as doenças cardiovasculares como causa de 400 mil mortes anuais no Brasil. A jornalista foi transferida para uma UTI em Belém, capital do estado, e enfrentou um processo de recuperação doloroso – especialmente quando, finalmente, recebeu o diagnóstico: AVC em consequência de um Burnout (esgotamento físico) não tratado. 

O aumento de casos de AVC em pessoas abaixo dos 45 anos, como o de Larissa, tem chamado a atenção dos especialistas. O cardiologista João Paulo Maia, pós-graduado em Medicina Esportiva e professor na Facimpa/Afya, em Marabá, alerta que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, responsáveis por cerca de 17,9 milhões de óbitos anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele destaca que a prevenção, por meio da realização de exames periódicos e check-ups cardiológicos, pode ser determinante para salvar vidas. 

"Ao realizar um check-up cardiológico, o paciente passa por uma avaliação completa que inclui exames como eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico, MAPA e exames de sangue para avaliar os níveis de colesterol, glicose, função renal, ácido úrico e outros marcadores de risco. O objetivo é identificar precocemente condições como hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca e doença coronariana, entre outros problemas que, muitas vezes, são silenciosos, podendo levar a complicações graves e à morte", explica o cardiologista. Ainda segundo o médico, o check-up é indicado para todos. No entanto, pessoas dos grupos de risco – como hipertensos, diabéticos, fumantes, sedentários e obesos – e aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas, principalmente em parentes de primeiro grau, precisam estar ainda mais atentos aos exames e sinais. Ele destaca o caso de pessoas jovens, como Larissa, que frequentemente mergulham no trabalho, negligenciam a boa alimentação e a prática de exercícios, além de viverem sob forte estresse. 

"O estresse, assim como momentos de raiva, tristeza ou exaustão física, pode ser um gatilho para desencadear um AVC. Por isso, observar seus limites e procurar ajuda médica e psicológica é fundamental", orienta o cardiologista. 

Aprendizados após o AVC 

"Fiz uma reflexão e tive a certeza de que a vida nos dois anos anteriores ao AVC não era o mar de rosas que eu pensava. Eu vivia o pior estilo de vida possível, sofria com insônia, ansiedade e dores de cabeça que me levavam ao pronto-socorro e eram tratadas como normais. Com tudo isso, aprendi que o estresse do trabalho não é meu", desabafa a jornalista. 

Após o diagnóstico, Larissa teve que reaprender a viver. Foram necessárias muitas horas de fisioterapia, acompanhamento médico constante e diversos medicamentos – mas sempre com a força de vontade de seguir em frente. Nos treinos de crossfit, reencontrou a fonte de ânimo para retomar uma vida menos acelerada e mais focada nos cuidados consigo mesma. 

E, sobre se cuidar, ela também tem uma mensagem: "Ao perceber qualquer sinal diferente no seu corpo e na sua rotina, por menor que seja, pare para refletir sobre o que mudou e por quê. Não guarde problemas ou mágoas, não tente resolver tudo sozinho. E o mais importante: o check-up médico não tem idade obrigatória, deve ser feito como prevenção – e não apenas após o aparecimento da doença. Não existe vergonha em cuidar da saúde. O que existe é pressa e compromisso com você mesmo". 

Atendimentos 

Em Marabá, o Ambulatório da Facimpa/Afya dispõe de atendimento gratuito com cardiologista. Para receber atendimento, o paciente deve se direcionar ao prédio, que fica localizado na Rodovia Transamazônica, bairro Amapá, às proximidades do Centro de Saúde Pedro Cavalcante. Os atendimentos são agendados de acordo com a demanda, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h30, e aos sábados, das 8h às 12h. (Elizabeth Ribeiro/Ascom/Facimpa)

                                         Imagens: Ascom/Facimpa

Jornalista Larissa Rocha repensou a vida depois que "pulou uma fogueira" em plena atividade profissional 

Hoje o crossfit faz parte do cotidiano de Larissa, "uma fonte de ânimo para uma vida menos acelerada"





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