segunda-feira, 7 de maio de 2012

UMA CANÇÃO PARA NINA

                            ATO 2


             NILSON SANTOS*

Doeu bastante!

Ah! Quanto doeu!...

A cada enxadada, rasgando a terra molhada,

Era meu coração que singrava;

E sangrava,

Sangrava bastante.

Quanto mais a terra se abria pelos golpes da enxada,

Meu coração se comprimia em dor.

Minhas lágrimas rolaram,

Solidária com a dor da terra,

Torturada pelas enxadadas:

Um, dois, três, não sei quantos golpes,

Na terra molhada,

Talvez até pelas minhas lágrimas,

Que escorriam silenciosamente,

Como que a respeitar aquele momento.

- Mas não foi por isso que chorei,

E que choro em cada momento,

Quando bate a saudade dela.

Já não tenho mais a companheira a me esperar,

A festejar a minha volta,

A cantar as canções,

Que só eu mesmo entendia.

Tudo voltou a ser mais triste,

A solidão torna a me torturar;

E quando olho,

Para aquele canto agora vazio,

Que se fazia o mundo dela,

A dor se faz ainda maior;

A dor da perda,

Da minha pequenina “poodle”;

A Nina,

De quem nunca mais terei o acalanto...

... Levado pelos rodados de um carro qualquer.

Por isso,

Somente por isso,

Choro a saudade de uma amiga fiel,

Que deve estar no “céu”,

Onde só entram as “almas” verdadeiramente puras.

Adeus, Nina,

A minha pequenina “poodle”.


*Jornalista, Radialista, poeta nas horas vagas  



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