terça-feira, 29 de abril de 2025

Articulação Integrada

Segunda reunião consolida planejamento para o veraneio

Voltada para o Turismo Sustentável, programação deste ano prevê o engajamento de várias secretarias para a chamada temporada alta

FABIANE BARBOSA

Na manhã desta terça-feira (29) foi a realizada a segunda reunião de planejamento do Veraneio 2025, na sede da Secretaria Municipal de Segurança Institucional (SMSI), com a presença de representantes das diversas secretarias e departamentos municipais envolvidos na organização dos eventos previstos para julho e parte do mês de agosto deste ano.

As Secretarias Municipais de Cultura (Secult), Meio Ambiente (Semma), Esporte e Lazer (Semel), Saúde (SMS), e Segurança Institucional (SMSI), além dos Departamentos de Vigilância Sanitária e Postura fizeram apresentações individuais de propostas ao vice-prefeito de Marabá, João Tatagiba, que também é titular das Secretarias de Turismo (Semtur) e de Mineração, Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia (Sicom).

“É um compromisso dessa gestão fazer um veraneio diferente, que a gente possa convidar pessoas de fora para conhecerem Marabá. Haja vista que temos riquezas naturais incríveis, então a nossa intenção é explorar esse potencial turístico de Marabá e o veraneio será o início desse novo momento”, ressalta João Tatagiba.

Com ênfase no aspecto ambiental, a bióloga Aracy Helena Marques, da Semma, destaca a importância de integrar a Educação Ambiental ao planejamento de um evento grande.

Brejo Grande do Araguaia

Eleição municipal sob suspeita de favorecimento

Então prefeito teria usado a máquina administrativa para beneficiar correligionário, que acabou levando a melhor no pleito do ano passado

 

NILSON SANTOS 

 

Uma enxurrada de contratação de funcionários temporários, cerca de 30% em relação ao total de funcionalismo público municipal, e sem a devida necessidade de urgência, com o beneplácito de reajuste salarial para esses temporários no espaço de apenas um mês; assinaturas de contratos variados com cheiro de suspeita, beneficiando inúmeras empresas. Com um único posto de combustível, e em apenas um dia (13 de setembro), foram assinados quatro contratos que totalizam cerca de R$ 1,7 milhão, por um prazo de quatro meses, para fornecimento de gasolina e diesel; distribuição de alimentos e de cestas básicas na aldeia indígena Suruí; farta distribuição de carne bovina e outros gêneros alimentícios, na zona urbana do município, entre outras atividades vistas como bastante suspeitas.

Até aí nada demais, se não tivesse ocorrido em pleno ano eleitoral, 2024 e, alguns desses fatos, poucos meses antes das eleições majoritárias. O palco de tudo isso, e muito mais, ocorreu no minúsculo município de Brejo Grande do Araguaia, no sudeste do Pará.

A denúncia dessas e de outras supostas irregularidades envolve o então prefeito de Brejo Grande, Jesualdo Nunes Gomes (2021/2024), e os recém eleitos, Marcos Dias do Nascimento, o “Marcos Baxim”, e seu vice, Flavio da Silva Matos. A máquina administrativa da prefeitura teria sido usada com força total, para beneficiar diretamente os candidatos eleitos.

Com o intuito de que a Justiça Eleitoral venha a cancelar os diplomas de “Marcos Baxim” e de Flávio Matos, assim como pedir a inelegibilidade de ambos por oito anos, é que a coligação União Pela Mudança (MDB, PT, PCdoB e PV), entrou com processo na 57ª Zona Eleitoral, comarca de São João do Araguaia. O candidato derrotado, Geraldo de Morais, também conhecido como “Geraldo Bila”, alega ter sido prejudicado através do abuso de poder econômico e político, patrocinados pelo ex prefeito Jesualdo Nunes. 

No entanto, apesar de todas as evidências, com provas substanciais anexadas na denúncia, inclusive com fotos, imagens de vídeos e conversas de WhatsApp, “Geraldo Bila” não teve sucesso nessa primeira tentativa de mudar o resultado das eleições municipais. A ação da coligação “União Pela Mudança” foi julgada improcedente, pela Justiça Eleitoral de São João do Araguaia. Os advogados de Geraldo de Morais já recorreram dessa decisão inicial.

Recurso – As alegações são as mesmas do processo inicial: abuso de poder, político e econômico, por parte do ex prefeito de Brejo Grande do Araguaia. Além da perda dos mandatos de Marcos Dias, e Flávio da Silva, a ação sugere ainda que o próprio Jesualdo Nunes Gomes, também seja penalizado com a inelegibilidade pelo prazo de oito anos. Além do pagamento de multas, por parte dos três.   

O parecer da Procuradoria Regional Eleitoral, é favorável pelo apelo de “Geraldo Bila”. Em despacho assinado em 7 de abril deste ano, o procurador Alan Rogério Mansur Silva, dá parecer para que sejam cassados os mandatos dos candidatos eleitos, assim como as respectivas inelegibilidades, incluindo a do ex prefeito. Este, que seja condenado ainda à pagar multa no valor de cinco mil Ufir.

Contratações – Gráfico que consta da denúncia protocolada na Justiça Eleitoral, aponta que a administração de Jesualdo Nunes Gomes contratou nada menos que 73 servidores temporários, seis deles, índios da etnia Suruí. Não há informação, na referida denúncia, os critérios adotados para essa contratação maciça, em pleno ano eleitoral.

Mas chama a atenção, o fato de que, de um mês para outro, entre fevereiro e março do ano passado, esses temporários tiveram reajustes substanciais em seus salários. Em alguns casos, os aumentos mais que triplicaram. Exemplo disso foi o salário do índio Arawi Suruí, que em fevereiro recebia modestos R$ 1.597,12, mas em março seus vencimentos saltaram para incríveis R$ 6.870,00, um reajuste de R$ 5.272,88. Outro Suruí que também foi bafejada pelo surto de beneplácito do então prefeito, foi a indígena Metania, que ganhou um reajuste de cerca de R$ 3,3 mil, vendo seu salário pular de R$ 1.889, para polpudos cerca de R$ 5,2 mil.

Brancos também não ficaram de fora, desse verdadeiro festival de reajustes. Maria Elizenha Ferreira Ramos, seguiu o mesmo parâmetro de Metania, e também passou a receber mais de 5 mil. Outros, não foram tão bem contemplados assim. Paulo Ricardo, e Monica Barros, tiveram reajustes de apenas 50,00 em seus respectivos vencimentos.

Somente com os reajustes desses temporários, a folha de pagamento da prefeitura de Brejo Grande do Araguaia, significou um aumento mensal de cerca de R$ 120,3 mil. Um verdadeiro atrativo em termos de empregos no executivo, para um município que conta com uma população de apenas 6.783 habitantes, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2022.

Escola Estadual – Também é de se estranhar o fato de que, em 4 de setembro do ano passado, a prefeitura de Brejo Grande do Araguaia tenha assinado contrato com uma empresa (a denúncia não especifica que empresa), no valor de cerca R$ 4,413 milhões, para “reforma, adequação e ampliação” da Escola Estadual de Ensino Médio Professor Lídio Solheiro, e que faria parte de um convênio com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Essa reforma, em um prazo de dez meses, “Não se trata de situação emergencial”, diz trecho do recurso da coligação “União Pela Mudança”.

Enfatiza ainda a denunciante, que o então prefeito Jesualdo Nunes praticou propaganda eleitoral extemporânea, através das redes sociais oficiais da Prefeitura de Brejo Grande. Expondo abertamente o apoio aos candidatos “Marcos Baxim”, e Flávio Matos, em época já fora do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral, para a veiculação de qualquer tipo de publicidade institucional, visando promover referidos candidatos.

Também pesa o fato de que, uma das empresas contratadas pela prefeitura “com contrato vultoso”, no feriado de 7 de setembro do ano passado teria colocado seus caminhões a disposição de um evento político dos candidatos apoiados por Jesualdo, através de uma grande carreata pelas ruas da cidade.

O recurso de Geraldo de Morais, consta de fotos, imagens de vídeos e troca de mensagens via WhatsApp, o que reforçou a denúncia perante a Procuradoria Regional Eleitoral. O parecer do procurador Alan Rogério Mansur Silva, recomendando pela cassação dos diplomas de “Marcos Baxim”, e Flávio da Silva, foi encaminhado para apreciação do juiz federal José Airton de Aguiar Portela.

Já as defesas do ex prefeito, e dos candidatos eleitos, alegaram em suas respectivas audiências, que não procedem as denúncias apresentadas pela coligação “União Pela Mudança”. Que todos os fatos, narrados pela acusação, foram realizadas dentro, e de conformidade com o que prevê a Justiça Eleitoral.

A reportagem tentou, por diversas vezes, ouvir as pessoas citadas nessa denúncia, cuja cópia do recurso o blogger obteve com exclusividade. As tentativas não surtiram efeito. Mas o espaço fica aberto para qualquer manifestação por parte do ex prefeito, Jesualdo Nunes, e dos eleitos, Marcos Dias do Nascimento, e Flavio da Silva Matos.

Serviço – “Marcos Baxim” foi eleito com 57,09% dos votos válidos, tendo totalizado 3.548, contra 2.667 conferidos à Geraldo Bila (42,91% do total). Diferença de 881 votos em prol da chapa vencedora. Compareceram 6.350 eleitores nas 26 seções, tendo sido contabilizada 864 abstenções. Cento e cinco votos foram anulados, enquanto 30 ficaram em branco. Votos válidos, 6.215. Dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

                             Imagens: Reprodução de Rede Social

                         
Geraldo Bila alega ter sido lesado pela máquina administrativa da prefeitura

"Marcos Baxim" rebate que sua campanha foi pautada dentro da legalidade


 

terça-feira, 22 de abril de 2025

 NO SUFOCO

Águia vence a primeira sem convencer ninguém

Azulão Marabaense iniciou maratona pela Série D do Brasileirão, mas deixando muito a desejar na sua estreia; a vitória foi magérrima

NILSON SANTOS

Na presença de uma minguada torcida e mostrando um futebol de baixo nível, o Águia de Marabá conseguiu a primeira vitória pela série D do Campeonato Brasileiro, logo na sua estreia. Foi no sufoco. E o único gol da partida só veio aos 50’ do segundo tempo, nos acréscimos de 7 minutos, já no apagar dos refletores.

O gol solitário foi assinalado pelo atacante GTA, camisa 9 da equipe do técnico Criciúma, mas que esteve atuando mais como meia. O comando de ataque ficou sob a responsabilidade de Wander, recém contratado para reforçar a equipe para a competição nacional, chegou e foi logo assumindo a posição. Provavelmente pela falta de entrosamento com os demais companheiros, o agora camisa 23 foi figura apagada na partida. Wander já teve passagem pelo Águia, é centro avante de ofício.

O jogo aconteceu nesse domingo de Páscoa (20), no Estádio Municipal Zinho Oliveira, em Marabá, quando o Grêmio Atlético Sampaio (GAS), de Roraima, deu muito trabalho para os donos da casa. Poderia, no mínimo, até ter segurado o empate. Mas uma lambança por parte do zagueiro Gabriel Gonçalves acabou provocando sua própria expulsão. Vinha fazendo uma partida bastante segura, mas cometeu falta grave pela direita do ataque do Águia, quase na esquina do escanteio; não gostou da marcação e ainda xingou a auxiliar número 2, Nayara Lucena, árbitra CBF. Como já tinha amarelo, levou o cartão vermelho, aplicado pelo árbitro Gabriel Henrique, da CBF de são Paulo.

Foi a partir dessa vantagem numérica, já no decorrer do segundo tempo, que o Azulão Marabaense apresentou alguma reação. Mas o GAS se fechou em sua defesa, saía nos contra-ataques, e na velocidade. Continuou dando sufoco na zaga do Azulão. Mas, sem nenhum chute de real perigo.

O goleiro Axel Lopes, do Águia, mais uma vez saiu de campo como o herói da partida. Se no primeiro tempo não teve nenhum trabalho e praticamente nem sujou o uniforme, foi na segunda etapa que mostrou mais uma vez porque é o queridinho da torcida marabaense. Pelo menos em três oportunidades, evitou que o GAS conseguisse a vantagem. Em uma delas, através de cobrança de falta por parte de Derlan (13), Axel fez aquilo que se chama de “verdadeiro milagre”. Derlan fez uma cobrança bem no estilo Ronaldinho Gaúcho, naquele gol épico em que em uma cobrança de falta de fora da grande área, a barreira pulou e o “Bruxo”, bateu por baixo, rasteira, marcando. Não fosse a intervenção precisa de Axel, quase que o capitão do time de Roraima corria para o abraço dos companheiros. Mas só ficou no quase mesmo, enquanto sobraram aplausos para o goleirão do Águia.

Mesmo com um a menos, mas o “Leão Dourado” não se intimidou. Genilson, um dos melhores da equipe visitante, quase marca na reta final da partida, mas perdeu o tempo da bola, quando ia ficar cara a cara com Axel. Genilson, tanto jogou quanto apanhou, tendo recebido marcação pesada pelo seu setor de atuação.

Foi só depois que subiu a plaqueta, indicando os sete minutos de acréscimo, que o Águia deu indícios de uma injeção de ânimo. Nas arquibancadas, a torcida já mostrava impaciência, e até já ensaiava um coro de apulpos.

A salvação veio pela direita, setor do lateral Bruno Limão, que passou quase todo o jogo atuando de forma sonolenta. Toda vez que recebia um passe já devolvia a bola, como se a “redonda” estivesse queimando nos pés. Mas foi Bruno quem fez um drible do jeito que sabe fazer, foi na velocidade até na linha de fundo e fez o cruzamento, quase fechado. A zaga do GAS, sem a presença de Gabriel Gonçalves, bateu cabeça. A bola sobrou para GTA que meteu uma cabeceada certeira e fulminante, fazendo o único gol da partida. Empolgado, tirou a camisa e correu para o alambrado para receber o calor da torcida, recebendo também o cartão amarelo.

O GAS ainda tentou reagir, pegou um contra-ataque na velocidade e quase surpreende a zaga adversária, que ainda comemorava o gol. Gabriel, que entrou no segundo tempo, dominou e invadiu a pequena área. Quase faz, mas Fidel, outro reforço recém contratado do Águia, se recuperou a tempo e evitou o que seria o gol de empate. Ao fazer o domínio e tentar fugir pela linha de fundo, já com o controle da bola, recebeu um chute por trás, visivelmente intencional. O cartão vermelho, direto, foi incontestável. O GAS ficou com menos dois, mas já não havia tempo para mais nada. Final de fogo, para alívio do Azulão Marabaense e de sua torcida.

Salgado – o Águia estreou na Série D do brasileirão, com a presença de apenas cerca de 1,5 mil torcedores. Nem a diretoria do “Azulão”, ou a gerência do Zinho Oliveira, forneceram o borderô da partida.

Para os poucos torcedores que compareceram ao estádio da municipalidade, a opinião foi unânime: o preço “salgado” dos ingressos cobrados para esse jogo, além do feriadão, que tira muitas famílias da cidade, afastaram o torcedor. Para a arquibancada coberta, R$ 80,00, e R$ 40,00 para as descobertas. Renato Frazão, que explora o serviço de bar no estádio, reclamou bastante do pouco faturamento. “vendi quase nada”, chorou, sem lembrar que os preços praticados por ele também não são nada atrativos. R$ 5,00 uma latinha de skol, do tipo “periguete”, mesmo preço para a garrafinha de água.

Maratona -  O Águia de Marabá está no Grupo AI, nessa primeira fase do Brasileirão, série D. Ao lado de Tuna Luso (Belém), Independência e Humaitá (ambos do Acre); Manaus e Manauara (Amazonas), Trem (AP), e GAS (RR). O critério é de jogos de ida e volta, ou seja, 16 jogos ao todo para as equipes.

O próximo compromisso do Azulão será contra o Independência, fora de casa, às 17 horas de domingo (27), em Rio Branco (AC). Já o GAS recebe, em seus domínios, o forte time do Manauara (AM).

Em sua estreia, a Tuna Luso Brasileira venceu o Humaitá pelo placar de 3x0. Com destaque para Ronaldy, que marcou os três para o cruzmaltino paraense, com direito a pedir música no Fantástico (TV Globo). 

Tuna e Águia, que mediram forças na final da Copa Grão Pará, quando o time marabaense conquistou o título, nos pênaltis, vão se reencontrar na quinta rodada, do dia 17 de maio, no Zinho Oliveira. Jogo com cheiro de revanche, para a Águia do Souza. 

Serviço – O Águia venceu com o futebol de: Axel Lopes; Bruno Limão, David Cruz, Lucas Silva (Fidel/amarelo), Alan Pires; Janderson (Jhônata), GTA, Erico Júnior (Romarinho/Welves); Matheus Miranda, Kokry, Wander (Kaík). Técnico: Criciúma/cartão amarelo.

GAS – KT; Zizão (amarelo), Romário, Gabriel Gonçalves (expulso), Genilson; Juninho (Josivan Marudá), Raílson (Marquinhos), Derlan, Chapa (Gabriel/vermelho direto); Mateus Lopes, Raylson Miranda, Arian (Flavinho). Técnico: Emerson Almeida (ex-Tuna).

                                  FOTO: Imagem de rede social

                                  

Axel Lopes mas uma vez mostrou o porque é o "xodó" da torcida do Azulão Marabaense

terça-feira, 15 de abril de 2025

 Caixa Dois

Prefeito eleito de Palestina do Pará é denunciado

Márcio Folha, que disputou a eleição majoritária pelo PP, teria suprimido várias informações na sua prestação de contas à Justiça Eleitoral

 

NILSON SANTOS

A coligação “Palestina Feliz de Novo”, cujo candidato a prefeito do município de Palestina do Pará, Valciney Ferreira Gomes (MDB) foi derrotado nas últimas eleições de outubro do ano passado, protocolou denúncia junto à 57ª Zona Eleitoral da comarca de São João do Araguaia, acusando o candidato eleito, da prática de “caixa dois”. Márcio Dias do Nascimento (PP), mais conhecido como “Márcio Folha”, teria deixado de informar, na sua prestação de contas à Justiça Eleitoral, a efetivação de várias despesas e gastos, durante a campanha política. Crime tipificado no artigo 350 do Código Eleitoral, o que teria facilitado a eleição de “Folha”.

Entre os gastos não declarados, segundo a denúncia, constam frete de vários veículos para uso durante a campanha, contratação de trios elétricos e mines trios para animar comícios ou reuniões, locação de imóveis para uso como comitês eleitorais, uso de combustíveis, e contratação de “formiguinhas” em número muito acima daquele que foi declarado, entre outras despesas.

A coligação de Valciney, representada pelos advogados Inocêncio Mártires, e Debora Nazaré Borges Gomes, pede a cassação da diplomação dos candidatos eleitos, Márcio Folha, e de sua vice, Valéria Mendonça Costa (PSDB), além da inelegibilidade de ambos pelo período previsto na legislação eleitoral vigente, e, ainda, o pagamento de multas. O processo já está sob análise do juiz eleitoral de São João do Araguaia, Luciano Scalizza.

De acordo com a denúncia, protocolada junto à Justiça Eleitoral em 10 de dezembro do ano passado, Márcio Folha e Valeria Mendonça cometeram pelo menos sete ilícitos eleitorais. A coligação autora da denúncia garante ter provas substanciais para fortalecer o processo, inclusive com o anexo de fotos e vídeos, além de oferecer testemunhas idôneas para os fatos narrados na queixa.

Sobre a contratação de veículos, há o indício de que pelo menos os fretes de cinco ônibus deixaram de ser contabilizados como despesas de campanha. Seis aparecem adesivados com material de divulgação dos candidatos eleitos, mas apenas um consta na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral. De duas caminhonetes usadas durante a campanha em Palestina do Pará, apenas uma foi citada nessa mesma prestação de contas. Dessa frota de veículos, incluindo um caminhão, os trios elétricos e mines trios, e ainda micro-ônibus, não consta nenhuma despesa com combustível. É o que relata a denúncia.

Assim como foi declarada a contratação de um grupo de apenas 15 pessoas para atuarem como “formiguinhas”, mas a denunciante garante que cerca de cem pessoas aturam nessa função. O gasto declarado foi de um total de R$ 4,5 mil, a razão de 300,00 por cada das 15 pessoas, no período de 14 de setembro a 5 de outubro do ano passado. Imagens anexadas no processo, indicam um número muito maior de “formiguinhas” empunhando material de campanha de Márcio Nascimento, e de sua vice, Valeria Mendonça.

As irregularidades não param por aí. Constam das prestações de contas de Márcio Folha a realização de apenas dois comícios, ou reuniões, no perímetro urbano do município, no final dos chamados “arrastões”. A denúncia atesta a realização de outras concentrações públicas, inclusive na zona rural, aí inclusos a Vila Santa Isabel, Vila Porto da Balsa, localidade Posto Fiscal, entre outras colônias que fazem parte do município. Para essas localidades, os veículos de transportes de passageiros seguiam sempre lotados, com “formiguinhas” e eleitores diversos.

Outro dado citado pelos advogados da coligação autora da denúncia, é que também não foram relacionados na prestação de contas, despesas diversas e diárias pagas aos fiscais, contratados por “Márcio Folha”, e que atuaram nas seções eleitorais no dia do pleito, em 6 de outubro do ano passado. O que, segundo a denúncia, colocou em dúvida a “transparência e moralidade do pleito”.

Por entender que a campanha de Márcio Dias do Nascimento, e de sua vice, Valéria Mendonça Costa, se deu através de “uso de recurso de origem não identificada”, é que a coligação “Palestina Feliz de Novo” está requerendo, junto à Justiça Eleitoral, a cassação do mandato dessa chapa majoritária.

Ainda de acordo com a denúncia, cuja cópia do teor este blogger obteve com exclusividade, as despesas não declaradas proporcionaram à chapa majoritária eleita um lucro estimado em cerca de R$ 180 mil, quase cem por cento do que foi apresentado na prestação de contas: apenas R$ 95.390. “Valores modestos e inexequíveis de diversos serviços eleitorais”, enfatiza a denunciante.

Essa prática do “caixa dois”, reclama ainda, foi fundamental para a vitória de “Márcio Folha”, que obteve 2.607 votos nas urnas, contra 2.542 obtidos por Valciney Ferreira Gomes. Diferença de apenas 65 votos. Os valores suprimidos na prestação de contas, por parte do candidato eleito, proporcionou “notável relevância e desequilíbrio no pleito”, cita ainda trecho da denúncia. Para a denunciante, houve dolo por parte da chapa vencedora.

 

Defesa nega acusações e diz que agiu com lisura na campanha

 

Através de uma banca de quatro advogados, Márcio Dias do Nascimento, o “Márcio Folha” (PP), e sua vice Valéria Mendonça Costa (PSDB), contestam todas as acusações elencadas pela coligação “Palestina Feliz de Novo”. A defesa da chapa majoritária eleita em Palestina do Pará, nas eleições municipais de 6 de outubro do ano passado, garante que “Os valores declarados na prestação de contas correspondem aos valores efetivamente pagos pelos serviços contratados”, de acordo com o que está exibido em contratos e notas fiscais, devidamente anexados e apresentados à Justiça Eleitoral.

Para contestar a prática do “Caixa 2”, alegado pela acusação, a chapa vencedora enfatiza ter realizado uma campanha com “recursos limitados”, o que exigiu “uma gestão financeira austera e eficiente”. Patrocinam a defesa de “Márcio Folha” e Valéria Mendonça, os advogados Ana Victoria Delmiro Machado, Ruda Rocha de Souza, Victor Hugo Ramos Reis, e Willian Gomes Penafort de Souza.

De acordo com a versão da defesa, “A narrativa apresentada pela representante não corresponde à realidade dos fatos”, enfatizando ter havido distorção e omissão de “informações relevantes”.

“Márcio Folha” reconhece a locação de apenas uma caminhonete, da marca Tracker, mas para “seu uso pessoal no decorrer da campanha”, e nunca para o transporte de leitores ou apoiadores, como alegado pela acusação. Sobre a omissão da Hilux branca, a defesa do candidato eleito reforça que esse veículo foi mesmo usado, mas apenas no início da campanha e por um curto período, também “para uso pessoal”. A Hilux, diz a defesa, foi deixada de ser usada, a partir do momento da locação da Tracker.

A respeito dos combustíveis, seja gasolina, ou óleo diesel, também omitidos na prestação de contas, os advogados de defesa garantem que, os abastecimentos já estavam inclusos no pacote das locações dos veículos.

A defesa sustenta ainda, que apenas um ônibus foi mesmo alugado para uso na campanha política, no período de 16 de setembro a 5 de outubro do ano passado. Os demais, sejam ônibus ou micro-ônibus, assinalados pela acusação, inclusive com o flagra de imagens, estes pertencem à empresas que fazem linha regular no município de Palestina do Pará. E que participaram de alguns eventos políticos de “Márcio Folha” de forma espontânea. Já a lotação desses coletivos, se deu através de passageiros normais, que pagaram suas próprias passagens. Todos apoiadores, que participavam desses eventos por vontade própria.

Assim como foi “espontânea” a participação de outras pessoas que engrossaram o bloco das 15 “formiguinhas”, essas, sim, contratadas e devidamente informadas na prestação de contas. As voluntárias, sustenta a defesa, não teve qualquer ônus para o caixa da campanha de Márcio Dias do Nascimento. Da mesma forma, também foram voluntárias, as atuações de fiscais nas seções eleitorais, no dia da eleição.

A defesa nega ainda, a locação de imóveis para serem usados como comitês eleitorais. A casa utilizada como comitê central, na zona urbana de Palestina do Pará, foi “cedida gratuitamente” por um apoiador da campanha de “Márcio Folha”, “sem qualquer contrapartida financeira”. Já as demais, nas Vilas Santa Isabel e Porto da Balsa, não eram comitês formais, mas apenas ponto de apoio, usados “eventualmente para reuniões com apoiadores”.  

Por fim, a defesa alega que a realização de comícios, citada pela acusação, nada mais eram que reuniões com rápidos discursos, nos finais dos arrastões, pelas ruas da cidade. Sem a estrutura de palanques e nem a utilização de estrutura de som profissional. As aglomerações flagradas em imagens, anexadas na denúncia pela acusação, eram de apoiadores, que participavam desses atos de campanha, todos de forma espontânea e por livre vontade.

A defesa encerra sua contestação, ratificando que “as alegações da representante não encontram respaldo nos fatos e nas provas apresentadas”. Citando ainda, que, “Não houve omissão relevante de despesas na prestação de contas”. (N.S.)