Está na edição (2155) desta terça-feira do Jornal Opinião:
Ato ‘Pró Alpa” será nesta sexta
Chagas Filho
Ao final da tarde de ontem (12), empresários, políticos e líderes comunitários e de associações se reuniram no auditório da sede da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim), para definir a programação do grande ato em prol da Aços Laminados do Pará (Alpa), que está marcado para a próxima sexta-feira (16), na Câmara Municipal de Marabá.
O objetivo desse ato é chamar a atenção do governo federal para o desastre econômico que pode ocorrer em Marabá, caso a Alpa não seja instalada ou mesmo demore muito tempo para ser implantada.
A palavra-chave na reunião de ontem foi “mobilização”. De modo que ficou acertado que na manhã de hoje será formada uma coordenação de trabalho, que vai emitir os convites e divulgar a grande reunião nos meios de comunicação.
Os organizadores do encontro não descartaram também que podem radicalizar, se for preciso. “Não queremos fazer vandalismo, mas neste País, as pessoas só são ouvidas quando ocupam uma ferrovia ou uma rodovia”, asseverou ítalo Ipojucan, presidente da Acim.
Durante o encontro, ficou clara a preocupação das lideranças comunitárias, dos políticos e representantes do setor produtivo com dois problemas graves que estão emperrando a Alpa: o recuo do governo federal em fazer a Hidrovia Araguaia-Tocantins e o desvio da Rodovia Transamazônica, que foi prometido pelo governo do Estado, na gestão anterior, mas que até agora não foi feito.
Para o deputado João Salame, que coordenou a reunião, estes são, de fato, os problemas que emperram a concretização da Alpa. A questão do Lote 11, que integra a área do projeto e é alvo de disputa entre Alpa, governo do Estado e proprietário (em razão do valor da indenização), é o menor dos problemas.
“O Lote 11 não pode ser colocado como bode expiatório”, sentenciou Salame, acrescentando que o empresário local não pode ser culpado por tentar valorizar o seu terreno, como qualquer um faria. “Os governos é que têm que resolver esse problema”, completa.
Asdrúbal – Também presente à reunião, o deputado federal Asdrúbal Bentes lembrou que o governo investiu grande soma de recursos na hidrovia (algo em torno de R$ 1,5 bilhão), todavia esse investimento não tem sentido sem a hidrovia.
O deputado lembrou ainda que o senador Jader Barbalho já entrou na briga e começou a dar alguns recados, em forma de pressão, para a presidente Dilma. “A presidente precisa entender que estamos num regime democrático”, afirma Asdrúbal.
No entendimento do parlamentar, uma parceria entre a Vale e o governo federal poderia ser uma saída para a construção da hidrovia, o que não pode é a Vale tocar a obra sozinha, porque se isso ocorresse a hidrovia seria semelhante à Estrada de Ferro Carajás, que hoje é exclusivamente da Vale.
Discussão ampla – Por sua vez, a suplente de senadora Bia Cardoso disse que o momento é importante para esta mobilização porque tanto a comunidade local quanto o setor produtivo estão insatisfeitos com a relação da Vale e o modelo de exploração mineral.
“Essa relação precisa ser revista e o momento é esse”, argumenta Bia Cardoso, acrescentando que teve acesso a um relatório da Universidade Federal do Pará (UFPA), que mostra os impactos negativos que esse modelo de exploração tem causado à região.
Atraso na Alpa causa frustração e problemas
Como todos sabem, existe um problema sério para a concretização do projeto porque o governo federal “segurou” os R$ 360 milhões que seriam investidos no derrocamento do Pedral do Lourenção, para viabilização da Hidrovia Tocantins-Araguaia.
A hidrovia é fundamental porque é por lá que deve ser escoada a produção da Alpa.
Por outro lado, os representantes da Vale sempre deixaram claro que a Alpa será implantada em Marabá, mas as previsões mais otimistas indicam para 2014 ou 2015, uma vez que a mineradora já estuda escoar a produção via Estrada de Ferro Carajás (EFC), caso a hidrovia não seja aberta.
Se essa opção for mesmo a única, a Alpa só deve ser mesmo implantada entre 2014 e 2015, segundo cálculos da própria Vale. Isso assusta o setor produtivo local porque foi criada uma expectativa muito grande em torno do projeto, como tábua de salvação para o comércio local.
Outro problema sério é que, com o anúncio da Alpa, que tinha previsão inicial de entrar em funcionamento em 2013, o fluxo migratório foi grande em Marabá, de modo que aumentou o desemprego, a violência e as ocupações urbanas, assim como os problemas se agravaram na saúde e na educação também. Enquanto isso, a Alpa ainda continua longe de se tornar realidade.
Marabá já começa a sentir os impactos dessa quebra de compromisso do governo federal, pois várias empresas interessadas em investir no município suspenderam as negociações com a Associação Comercial desde que o governo retirou do PAC os recursos para a hidrovia. Entre elas estão empresas como WV Logística, Linave e grupos de Manaus. (C. F.)
Ítalo destaca a importância do ato do dia 16
À frente da organização do grande ato pró Alpa, do dia 16, o presidente da Acim, Ítalo Ipojucan, disse que a ação foi motivada porque todos estão preocupados com o desenvolvimento econômico e humano de Marabá.
Ainda de acordo com ele, iniciativas como esta têm objetivo de ajudar os atores envolvidos a encontrar uma solução. “Quando a gente pega um embate desses com o governo federal, no fundo nós estamos ajudando a Vale e o governo do Estado”, afirmou.
Ítalo detalhou que outros assuntos ligados a este serão debatidos no grande ato do dia 16. “Vamos discutir essa crise que se abate em Marabá, assim como os investimentos do governo estadual. É impossível nossas estradas continuarem do jeito que estão. Aqui está uma verdadeira calamidade. Não conseguimos nos deslocar para Parauapebas sem colocar nossa vida em risco em pelo menos 10 locais da rodovia”, alinhavou Ipojucan.
O presidente da Acim afirma que o governo federal precisa cumprir suas promessas: “Eu estive nas reuniões, quando o governo federal assumiu as eclusas e assumiu a hidrovia como fator de vinda da Alpa”. (C. F.)
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