Matinal
Ademir Braz
(Para Idelma Santiago)
Ouço, quieto, os primeiros cantos:
pássaros nas árvores e quintais;
e a voz que entoa afetos e cismares.
Sob céu e nuvens das horas,
o dia é um farol distante
na praia invisível do amanhecer.
Dorme – doce e terna - a amada nos lençóis.
Como pássaros, as ondas buscam em bando
a placidez d’areia e sobre ela tecem ninhos
de folhas, talos, conchas, destroços náufragos.
Na praia infinda, coqueiros bailam
à carícia incessante dos ventos.
Lá distante, barcos surreais que, no dia,
arranham a costa plúmbea das águas,
luzem na penumbra como pirilampos.
Enquanto as sombras me abandonam,
eu espero. A maré ruiva da manhã
embala suave o casco da janela.
Ajuruteua -15.12.12; Marabá 13.01.2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário