Caso Abimael
Pessoas que estariam devendo alta soma em dinheiro para o empresário é quem teriam encomendado a execução
R$ 100 mil teria sido o valor da morte do empresário
MARABÁ
Cem mil reais. Este teria sido o valor pago pela morte do empresário Abimael Barbosa da Rocha, assassinado aos 33 anos de idade quando trafegava em um veículo pela Folha 28 da Nova Marabá, nas imediações da feirinha. Abimael morava em Parauapebas, sudeste do Pará, onde atuava na área de factoring.
O empresário foi literalmente “metralhado” provavelmente com tiros de pistola, tendo sido alvejado com 16 projéteis que atingiram o tórax, braços, região glútea e perna da vítima.
Segundo informações levantadas com exclusividade pelo Opinião, a morte teria custado R$ 100 mil. Pessoas que estariam devendo elevadas somas em dinheiro para o empresário, é quem teriam interesse direto na eliminação dele. Abimael estaria pressionando alguns desses devedores para receber e, por isso, ainda segundo as informações, teria “decretado” a própria morte.
A reportagem levantou essas informações junto a fonte fidedigna que, apoiado no que permite a Constituição Federal, não será identificado.
Abimael atuava no ramo da agiotagem e movimentava elevada soma em dinheiro. Tinha muito dinheiro emprestado em mãos de terceiros e, assegura o informante, vinha tendo dificuldades em receber de alguns. “Tinha muito cheque espalhado por aí”, diz a fonte.
Detalhes – Segundo a informação levantada pela reportagem, no dia do crime Abimael chegou a ligar para um dos que tinham débito para com ele, cobrando a restituição do empréstimo. Depois dessa ligação, ainda de acordo com o informante, o empresário seguiu para a Folha 9 da Nova Marabá, onde visitou um amigo. Este, nome que também será preservado, seria hacker e já teria sido preso sob acusação de desvio de dinheiro pela internet.
Dessa casa, ainda de acordo com as informações, Abimael teria saído carregando uma pasta, conduzindo R$ 200 mil em espécie. Esse dinheiro misteriosamente sumiu após a execução. Outra informação importante a ser levantada pela polícia, assegura que o local de crime teria sido todo descaracterizado, o carro da vítima igualmente violado, tudo para prejudicar o trabalho da perícia e, consequentemente, atrapalhar o rumo das investigações.
Outro detalhe dá conta que teriam policiais envolvidos no assassinato, tanto o intermediário, que seria de Marabá mesmo, quanto os executores, que atuaram em número de três e que teriam vindo da região de Xambioá. Prováveis testemunhas do esquema estão com medo de também serem eliminadas, como queima de arquivo. “Mas fica determinar quem realmente matou o Abimael. Eram muitos que deviam pra ele, e ele (Abimael) queria receber de qualquer maneira”, disse a fonte. (Luís Andrade – free lance)
Eco
Crime do empresário repercutiu em toda a região
O assassinato de Abimael, com todas as características de execução sumária, provocou grande repercussão não só em Parauapebas e Marabá, mas também em toda a região. Foi ele quem subsidiou as denúncias formuladas pelo PPS contra o prefeito Maurino Magalhães de Lima (PR), acusado da prática de Caixa 2 nas eleições municipais de 2008, quando se elegeu prefeito.
Abimael Barbosa ajudou na campanha do atual prefeito com cerca de R$ 800 mil, dinheiro que não foi declarado na prestação de contas de Maurino junto à Justiça Eleitoral. Por conta disso, o prefeito já foi afastado do cargo por várias vezes, mas sempre volta, amparado por liminar.
O crime – Abimael Barbosa da Rocha foi executado por volta das 15h30 do dia 7 de dezembro do ano passado, quando viajava no banco do carona de um Celta preto, placas NWY-3436, prefixo de Santa Inês (MA). Ninguém soube informar o que ele fazia em Marabá, já que morava em Parauapebas. O carro era dirigido pelo motorista da vítima, prenome Anderson, que também saiu baleado mas sobreviveu.
Os tiros, provavelmente saídos de uma pistola 380, foram todos disparados pelo lado do carona. Um indício de que o pistoleiro sabia exatamente o que estava fazendo. Apesar do carro ser peliculado, o atirador provavelmente sabia que Abimael estava sentado daquele lado. Uma provável “parada dada”.
Quase dois meses depois do assassinato, a sociedade do sul e sudeste do Pará continua se perguntando sobre os motivos para o crime, quem tinha interesse na morte e quem encomendou a execução, e identificação dos pistoleiros. Perguntas que, até agora, estão sem respostas.
Aparentemente, o caso está jogado na pasta dos “insolúveis”.
Na tarde de ontem (1º) a reportagem fez contato com o superintendente de Polícia Civil do Sudeste do Pará, delegado Alberto Teixeira, para tentar saber dele sobre o andamento das investigações. Ele se limitou em dizer que o caso está sob os cuidados do delegado Álvaro Ikeda, titular do Núcleo de Apoio às Investigações (NAI). Perguntado se Ikeda não tem passado para a Superintendência nenhum relatório sobre os avanços do trabalho, delegado Teixeira disse que não. “O departamento dele (NAI) é independente. Só quero que ele (Ikeda) resolva”, resumiu o superintendente de Polícia Civil. A reportagem tentou, mas não conseguiu estabelecer contato com o delegado Ikeda. (L.A.)
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