“O
combate ao tráfico de drogas, em todas as suas nuances, é muito difícil”. As
palavras são do novo comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM),
tenente-coronel Sérgio Fialho, em entrevista à um canal de televisão local.
Bastante
realista quanto a problemática do tráfico de drogas, não apenas em Marabá,
Fialho reconhece que, enquanto existir a situação do usuário, o traficante dificilmente
será banido do seio da sociedade.
E a existência desse usuário, acredita, nasce
a partir da desestruturação da base familiar, quando o jovem e adolescente saem
de casa mais cedo – uma forma de fugir dos problemas dentro do lar - e passam a
ter contato com o mundo das drogas de forma prematura.
“Havendo
o usuário, o consumidor, o traficante e seus atravessadores sempre estarão
procurando um jeito de alimentar esse vício”, disse tenente-coronel Fialho,
durante a entrevista concedida ao radialista e apresentador Nonato Dourado. É
quando até mesmo os próprios menores, em situação de risco e vulnerabilidade
social, são usados como “avião” do tráfico.
Triste
realidade que acaba virando verdadeira bola de neve. De “avião” o menor chega
também ao vício, na maioria dos casos não consegue mais acertar com o
fornecedor e, nessa escalada que leva ao fundo do poço, muitas das vezes o
adolescente nem chega a desfrutar da juventude.
É eliminado, na maioria das
vezes sob encomenda de quem comanda o tráfico.
Nesse
aspecto, tenente-coronel Sérgio Fialho conclama os pais a acompanharem mais de
perto o dia a dia de seus filhos. “Os pais precisam saber o que seus filhos
estão fazendo na rua, à noite, justamente para evitar que eles se envolvam com
más amizades e péssimas companhias”.
Na opinião do comandante, a prevenção ao
uso dos entorpecentes está diretamente ligada ao bom convívio familiar e a
forma de criar os filhos.
Apesar
das dificuldades que ele enumera para combater o tráfico de drogas, mas Fialho
lembra que a Polícia Militar (PM) vem fazendo a sua parte. Com rondas
ostensivas, patrulhamentos preventivos e o sistema presencial nos principais
pontos da cidade.
Mas ele reconhece, também, que o efetivo disponibilizado no
4º BPM não é suficiente para cobrir, de forma mais eficiente, os vários
bairros, Distritos e Núcleos da grande Marabá. Para suprir tal deficiência, o
comandante espera contar com a colaboração da sociedade.
“A
população é que sabe onde o calo aperta, conhece das necessidades e tem
conhecimento, às vezes muito mais do que a polícia, onde estão os pontos de
venda de drogas, as ‘bocas de fumo’. Então é só denunciar através dos meios
seguros”, conclama Fialho, alertando que a identidade do informante será
preservada.
Sobre
a ação da bandidagem pela cidade, que tem como alvo em sua maioria motos e
aparelhos de telefone celular, o comandante do 4º BPM alerta que o efetivo
também está atento para essa modalidade, de furto ou roubo.
“Tanto é que temos recuperado
algumas motocicletas, muitas delas usadas até mesmo para a prática de algum
crime e depois abandonada pelo meliante”, assevera.
Modalidade – “Roubo
de subsistência”. A frase é novidade. Mas foi usada pelo próprio Fialho para tentar
explicar os assaltos “relâmpagos” que acontecem pela cidade, geralmente por
menores em conflito com a lei que agem, ou em dupla ou sozinhos, quase sempre
usando bicicletas para facilitar a fuga. Modalidade cada vez mais comum,
principalmente em paradas de ônibus ou pela periferia.
De posse do celular conseguido no roubo, alvo principal desse tipo de assalto, o meliante o repassa lá na frente por valores insignificantes, muito abaixo do que realmente vale. “Ou para comprar droga, ou até mesmo se alimentar”, ensina o coronel. Daí o termo do “roubo de subsistência”.
Foto: Osvaldo Beija Flor
Tenente-coronel Fialho está no comando do 4º BPM desde janeiro deste ano |
O combate ao tráfico de drogas tem sido sistemático pelas forças de segurança |
Nenhum comentário:
Postar um comentário