O Brasil está construindo, a partir de políticos e intelectuais com deformidade de comportamento, uma estrutura jurídica perniciosa para sustentar um regime democrático, estrutura que ao invés de libertar, dificulta a libertação da pobreza, da ascensão de uma classe menos favorecida para outra de melhor qualidade de vida. Está se confundindo demagogia e maquiavelismo ideológico raivoso com democracia e melhor distribuição de renda.
O subproduto dessa deformação de comportamento é a inveja, a raiva, uma herança cultural, de difícil solução, pois dependeria da realização de uma brutal catequese e de purificação da mente, o que no jargão popular, enxergar um pouco mais adiante do “umbigo”. A deformação de comportamento regra geral aparece quando as pessoas alcançam o poder, pois se distanciam da sensatez e do equilíbrio, ambos essenciais para a construção de um projeto de nação. A política ambiental brasileira danosa ao desenvolvimento é um reflexo desse desajuste comportamental, onde estão presentes todas as deformidades mentais, produto de uma herança cultural esquizofrênica e paranoica.
Assisti o nascimento, no governo Sarney, do IBAMA, tentando salvar a SUDHEVEA – Superintendência da Borracha, destruída pela corrupção, pela má gestão e uso dos recursos públicos, organismo de grande importância econômica e setorial, criado pelo governo Castelo Branco, convencido de que, através de instrumentos indutores inteligentes, poderia, através da produção da borracha natural, uma poderosa célula de desenvolvimento, dar início, junto com um inteligente programa de desenvolvimento de reconstrução da economia amazônica, autossustentável, capaz de tirar a região do sono letárgico e da dependência de favores e da escravidão do endocolonialismo sob a tutela do sudeste brasileiro.
A história mal contada, pois concebida para esconder crimes praticados contra a Amazônia, culpam a borracha extrativa pela estagnação da região, o que mostra de pronto o tamanho do maquiavelismo e nocividade do processo endocolonialista. Não estamos defendendo o extrativismo, regime econômico que há muito deveria ter sido enterrado considerando sua antieconomicidade e para evitar seu uso em políticas criminosas contra um social empobrecido secularmente, que não consegue por si só romper o círculo vicioso da pobreza e da estagnação econômica e da prisão de “senhores” de terras.
A questão da borracha e do desenvolvimento amazônico é uma questão de ordem política, de gestão pública e de poder hegemônico e não de extrativismo. Foi nesse momento histórico, quando ocorreu a estagnação econômica da Amazônia decorrente do inicio da produção de borracha de seringal plantado no Sudeste Asiático, que a Amazônia foi transformada para atender os interesses dos “barões do café”, em produto de troca.
A tentativa de salvar a SUDHEVEA junto ao governo Sarney, deu em nada. A borracha, depois de apelos insistentes, para não ficar órfã, foi despejada, como coisa sem valor, no recém-criado IBAMA, o somatório de órgãos falidos por má gestão e corrupção, portanto, uma célula pública podre e sem conteúdo, um projeto que já estava nos planos do governo, sob pressão de ambientalistas e governos estrangeiros, que viam a oportunidade, dada a fragilidade do governo brasileiro, de dar inicio a dominação da Amazônia, como de fato aconteceu, órgão que teve o papel de um “Cavalo de Tróia”, para infiltrar na “calada da noite” os “exércitos ambientalistas”.
Qualquer pessoa que acompanhe o processo histórico, coisa difícil no Brasil, não contaminado por ideologias putrefatas, por política menor e vidrado em enriquecimento fácil, irá constatar que ao longo do tempo a Amazônia é usada como produto de troca, seus problemas decorrem em razão do vazio de poder facilitando o projeto estrangeiro de dominação, fragilidades que facilitam o saque interno e externo, cujo exemplo maior nesse momento é a tentativa de dividir o Pará, um processo criminoso de pirataria indecente, de traição política nojenta, objetivo que não se justifica por nenhum ângulo, seja econômico, político, social, administrativo, ambiental e de desenvolvimento. Ao invés de trazer qualquer benefício para o Pará irá, em muito, facilitar o uso do território para satisfazer os interesses americanos e europeus. Esse é um exemplo típico da deformação comportamental de políticos aventureiros pouco importando o que é melhor para o Pará e o Brasil.
O Brasil realmente é um país difícil de entender. Cobra-se dos criadores de gado maior eficiência no uso da terra, substituindo o criatório extensivo pelo intensivo, o que é lógico, sadio e justificável. Em contrapartida, valoriza-se incompreensivelmente o primitivismo indígena, tudo para justificar o engessamento territorial de milhões de quilômetros quadrados de terras férteis e ricas em minérios de valor incomensurável. A política indígena brasileira não é para valorizar o índio, mas para mantê-lo no primitivismo incompatível com o mundo moderno e facilitar a dominação estrangeira através de um quilométrico museu natural. Que Brasil é este?
Armando Soares – economista
e-mail: teixeira.soares@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário